Sebastião Melo apresenta proposta de concessão do Dmae à base

Sebastião Melo apresenta proposta de concessão do Dmae à base

Desestatização deve ser parcial, com parte do serviço sendo concedida a empresa privada e parte mantida pela prefeitura; Vereadores sugerem concessão via decreto

Diego Nuñez
Encontro com parlamentares aliados ocorreu no centro administrativo na manhã desta segunda

Encontro com parlamentares aliados ocorreu no centro administrativo na manhã desta segunda

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*Com Rodrigo Stolzmann

O prefeito Sebastião Melo (MDB) e o núcleo da prefeitura de Porto Alegre se reuniram com vereadores da base na manhã desta segunda-feira. Na pauta, a proposta de concessão parcial Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae).

Apesar da expectativa por um detalhamento do projeto, a reunião apresentou diretrizes gerais do que deve ser a proposta do Executivo. O texto final não foi exposto durante o encontro e nem foi informado o prazo que duraria a concessão do serviço.

A decisão por uma concessão parcial, e não total, bem como o fatiamento dos serviços da autarquia já eram conhecidos: O município deve seguir com captação, tratamento e bombeamento da água, além da drenagem, enquanto a empresa privada ficaria a cargo da distribuição, ampliação da rede, coleta de esgoto e cobrança da conta pelo serviço.

Há ainda questões em aberto que precisam ser definidas. Há dúvida, por exemplo, sobre de quem seria a propriedade das casas de bomba que forem construídas depois de uma possível concessão.

Marco Legal do Saneamento Básico é referência

O início da apresentação se focou em apresentar o Marco Legal do Saneamento Básico, que obriga as prefeituras brasileiras a atingirem um nível de 90% de tratamento de esgoto e 99% de água tratada até 2033. A partir disso, foi feita uma exposição da atual situação da autarquia e argumentação de que a melhor maneira de se atingir esses índices seria via desestatização.

A intenção do governo é protocolar o projeto na casa legislativa ainda neste mês. Além de ser tema polêmico até mesmo para a base e despertador forte de enfrentamento da oposição, há dispositivos que impedem uma tramitação célere de projetos desta natureza.

Por trazer impactos ambientais, o artigo 237 da Lei Orgânica de Porto Alegre determina o cumprimento de um prazo de 90 dias para que as propostas tenham ampla divulgação. Este mesmo artigo serviu de base para uma liminar na justiça retardar a apreciação de um projeto que alterou a estrutura do Dmae, no início do ano.

Durante a reunião, a prefeitura também garantiu aos vereadores a estabilidade dos servidores que hoje atuam na autarquia. Além de Melo e dos parlamentares aliados, participaram do encontro a vice-prefeita, Betina Worm (PL); o diretor-geral do Dmae, Bruno Vanuzzi; o secretário-geral do governo, André Coronel (MDB); o secretário de Parcerias, Giuseppe Riesgo (Novo); o secretário de Comunicação, Luiz Otávio Prates; e diretores da autarquia.

Vereadores sugerem concessão via decreto

Há uma certa indisposição em parte da base do governo Melo na Câmara de Vereadores em votar a concessão do Dmae. O motivo é simples: privatizações são temas polêmicos e uma concessão do saneamento básica não teria necessidade de ser enviada ao Legislativo.

Para evitar desgastes pessoais junto à população, portanto, se inicia um movimento de parte dos vereadores aliados do prefeito para que a concessão seja determinada via decreto. A sugestão foi, inclusive, explicitada ao chefe do Executivo durante a reunião.

Apesar de a maioria consolidada por Melo na Câmara possivelmente garantir-lhe votos necessários para uma aprovação, a concessão não é consenso na base do governo. Houve até momentos de discussão acalorada durante a reunião, com vereador aliado se posicionando contra a desestatização.

Há também o fator tempo: uma concessão que parta diretamente da gestão, amparada no Marco Legal do Saneamento Básico, teria menos chances de ser judicializada pela oposição e nem precisaria seguir ritos obrigatórios do Poder Legislativo.


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