Segundo governo de Leite tem mulheres em destaque no primeiro escalão do RS

Segundo governo de Leite tem mulheres em destaque no primeiro escalão do RS

Secretariado do novo ciclo do tucano é 37% composto por mulheres; Presença feminina é superior a governos anteriores

Felipe Nabinger

Pricilla é servidora de carreira do Ministério da Fazenda

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Com o anúncio de Danielle Calazans, que assume até o final da próxima semana a Secretaria de Planejamento, chegará a dez o número de mulheres no primeiro escalão do segundo governo de Eduardo Leite (PSDB). Com 27 pastas definidas pela reforma administrativa antes da posse, o número equivale a 37% do total do secretariado e em postos considerados chave, com grandes orçamentos. De forma inédita, por exemplo, mulheres comandarão a Fazenda e Obras Públicas, com Pricilla Maria Santana e Izabel Matte, respectivamente. 

“Eu tenho orgulho de ter constituído para esse nosso novo governo possivelmente o que mais tem presença de mulheres na história do nosso Estado e nas áreas mais importantes, com maiores orçamentos. Vamos garantir que a diversidade esteja presente em outros espaços do nosso governo”, afirmou o governador no discurso feito na cerimônia de transmissão de cargo, no primeiro dia de governo da nova gestão. 

Outra questão que chama atenção é o fato das escolhidas de Leite terem perfil técnico. Somente duas têm filiação partidária: Raquel Teixeira (Educação) e Marjorie Kauffmann (Meio Ambiente), ambas do PSDB. No entanto, mesmo essas são oriundas das áreas que chefiam.

Outros governos

Neste século, nos último 20 anos, a estimativa de Leite encontra amparo na comparação com as gestões anteriores. De 2003 até hoje, o governo que tomou posse no dia 1º de janeiro é aquele com a maior presença feminina, superando percentualmente o seu primeiro mandato e o da também tucana Yeda Crusius, que tinham 27% de presença feminina nos principais cargos, tendo como régua de corte os times anunciados nas datas de posse no Palácio Piratini. 

Em 2007, Yeda assumiu o Piratini tendo 18 secretarias e cinco mulheres como titulares na Educação, Meio Ambiente, Administração e Recursos Humanos e chefia de Gabinete, que apresentava na época status de secretaria. Já Leite, em 2019, das 22 pastas iniciais, nomeou seis mulheres. Em números brutos, era o que mais apresentava secretárias. Elas chefiavam as áreas de Saúde, Planejamento, Cultura, Trabalho e Assistência Social, Comunicação e Relações Federativas e Institucionais. 

Antes dos dois governos tucanos, os que mais tinham secretárias mulheres em sua largada foram os de Germano Rigotto (MDB), em 2003, e de Tarso Genro (PT), em 2011, com quatro cada. No entanto, se a avaliação for de percentual, o emedebista fica à frente. Como tinha 21 pastas contra as 26 do petista, a média de mulheres no primeiro escalão era de 19% contra 15% na gestão Tarso Genro.

Educação, Ciência e Tecnologia, Transportes e a Procuradoria-Geral do Estado eram os postos destinados às mulheres por Rigotto, enquanto Tarso nomeou secretárias nas áreas de Turismo, Meio Ambiente, Administração e Recursos Humanos e na pasta destinada a políticas específicas, a Secretaria das Mulheres, que tinha como titular Márcia Santana. Tarso, aliás, foi o único neste período de duas décadas a ter uma pasta específica para tratar de políticas voltadas ao público feminino.

A menor participação feminina deu-se no governo de José Ivo Sartori (MDB), iniciado em 2015. Com 20 secretarias, apenas duas mulheres estavam no primeiro escalão, sendo uma a primeira-dama, responsável pelo Gabinete de Políticas Sociais, e a outra Ana Pellini, no Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

As secretárias de Leite*

  • Pricilla Maria Santana (Fazenda) – Primeira mulher na pasta, foi subsecretária de Relações Financeiras Intergovernamentais da Secretaria do Tesouro Nacional e participou dos trâmites para o ingresso do Estado no Regime de Recuperação Fiscal.
  • Danielle Calazans (Planejamento, Governança e Gestão) – Vice-presidente da Caixa, também é servidora de carreira, tendo ocupado os cargos de secretária de Gestão do Ministério da Economia e diretora do Ministério da Fazenda.
  • Raquel Teixeira (Educação) – Desde 2021 no cargo, foi mantida por Ranolfo e reconduzida por Leite. Ganha maior destaque no novo ciclo de governo pois a área é apontada pelo governador como prioritária.
  • Izabel Matte (Obras Públicas) – Foi adjunta na Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão no governo passado. Arquiteta e urbanista, é a primeira mulher a chefiar a pasta, que tem uma subsecretaria voltada para obras em escolas.
  • Simone Stülp (Inovação, Ciência e Tecnologia) – Secretária adjunta e diretora da pasta no último ano da gestão anterior. Presidiu o Conselho Superior da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs).
  • Lisiane Lemos (Inclusão Digital) – Única negra em todo o secretariado, é especialista em tecnologia com atuação em uma das empresas mais importantes do setor no mundo. Participou da criação e da liderança de iniciativas de igualdade racial e figurou na lista da Forbes Under 30 em 2017.
  • Marjorie Kauffmann (Meio Ambiente e Infraestrutura) – Entre 2019 e 2022, foi diretora-presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), assumindo a pasta na gestão Ranolfo e permanecendo com Leite.
  • Arita Bergman (Saúde) – Presente na gestão desde o início do primeiro mandato de Leite, que manteve a secretária apesar de investigações da Operação Septicemia, que apuram licitações de quando chefiava a área no município de São Lourenço do Sul, em 2017.
  • Beatriz Araújo (Cultura) – Secretária municipal na gestão de Leite como prefeito de Pelotas, assim como Arita acompanha o tucano desde o início de seu primeiro mandato à frente do Piratini. Desenvolveu projetos de recuperação predial e de acervos em todas as instituições ligadas à pasta.
  • Tânia Moreira (Comunicação) – Responsável pela comunicação nas duas campanhas do tucano ao governo do Estado, ocupou a secretaria na primeira gestão, pedindo exoneração em duas vezes em função da eleição. Retorna na atual gestão.
  • Letícia Boll Vargas (Esporte e Lazer)* – Ocupa a pasta temporariamente, até a posse de Danrlei (PSD), que deve ocorrer em fevereiro e por isso não foi computada na matéria.

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