"Terei 77 anos, a Igreja Católica aposenta seus bispos aos 75", diz Lula sobre candidatura em 2022

"Terei 77 anos, a Igreja Católica aposenta seus bispos aos 75", diz Lula sobre candidatura em 2022

Ex-presidente afirmou que "o Partido dos Trabalhadores está se preparando para voltar e governar este país"

Correio do povo

Petista também fez crítica ao presidente Jair Bolsonaro

publicidade

Em sua primeira entrevista a um meio de comunicação estrangeiro desde que deixou a prisão em Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que está em uma "batalha pela democracia" e garantiu que "o Partido dos Trabalhadores está se preparando para voltar e governar este país". Ao jornal inglês The Guardian, o petista comentou sobre a possibilidade de concorrer nas próximas eleições, citando sua idade como um fator decisivo. "Em 2022, terei 77 anos. A Igreja Católica, com dois mil anos de experiência, aposenta seus bispos aos 75 anos", disse, sem deixar claro se isso seria um impeditivo.

No ano passado, Lula foi barrado pelo Supremo Tribunal Eleitoral de concorrer com base na Lei da Ficha Limpa, segundo a qual ficam inelegíveis políticos condenados em decisão transitada em julgado ou por órgão colegiado "desde a condenação até o transcurso do prazo de oito anos após o cumprimento da pena" por uma lista de crimes. Também em 2018, o ex-ministro da Fazenda do Brasil Henrique Meirelles tinha 73 quando concorreu pelo MDB. Nos Estados Unidos, o senador democrata de 78 anos Bernie Sanders é um dos pré-candidatos de seu partido. 

Durante a entrevista, Lula criticou fortemente o presidente Jair Bolsonaro, falando que sua "submissão a Trump e aos Estados Unidos é vergonhosa". "A imagem do Brasil é negativa no momento. Temos um presidente que não governa, que fica discutindo notícias falsas 24 horas por dia. O Brasil precisa ter um papel no cenário internacional", comentou. "Vamos torcer para que Bolsonaro não destrua o Brasil. Vamos torcer para que ele faça algo de bom pelo país ... mas duvido disso", completou

As alianças e amizades de Bolsonaro também foram tema de discussão. "Uma vez, falar sobre paramilitares era uma coisa rara... hoje, vemos o presidente cercado por paramilitares", disse o petista, que também lamentou "que o Brasil esteja se tornando um país onde a disseminação do ódio está se tornando parte do cotidiano das pessoas". "Sou torcedor do Corinthians. Mas não posso lutar com um fã do Palmeiras - tenho que aprender a viver com ele", comentou.

Lula ainda disse que deixou a prisão "com um coração maior" e , por causa dos ativistas que montaram acampamento em frente ao local, "não se tornou uma pessoas amarga por dentro". "Espero que um dia o Moro seja julgado pelas mentiras que ele contou", disse, referindo-se a sua condenação, a qual, em outras oportunidades, já classificou como farsa e perseguição política.

América Latina

O ex-presidente disse que está "empolgado" com a presidência de Alberto Fernández, na Argentina, e Andrés Manuel Obrador López, no México. Contudo, mostrou-se preocupado com a Bolívia. "Meu amigo Evo cometeu um erro ao buscar um mandato como presidente, mas o que eles fizeram foi um crime. Foi um golpe de Estado, isso é terrível para a América Latina", comentou sobre a saída do ex-líder cocaleiro da presidência boliviana após 13 anos. 


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895