Política

Três anos após aprovação, regulamentação da Lei das Comandas é arquivada

Apesar de sancionada em outubro de 2013, lei nunca saiu do papel em Porto Alegre

Legislação sobre comandas foi aprovada em 2013, sob protestos do sindicato dos bares
Legislação sobre comandas foi aprovada em 2013, sob protestos do sindicato dos bares Foto : Paulo Nunes / CP Memória
O incêndio da boate Kiss vai completar quatro anos, na próxima semana, e muitas das legislações preventivas aprovadas após a tragédia foram flexibilizadas ou sequer saíram do papel. É o caso da Lei das Comandas, aprovada pela Câmara Municipal e sancionada pelo então prefeito José Fortunati, três anos atrás, em Porto Alegre. A legislação prevê que as casas noturnas com capacidade para 600 pessoas ou mais não utilizem cartões para marcação de consumo. O objetivo seria evitar que os clientes fiquem retidos pela segurança em caso de emergência.

Publicada em outubro de 2013, a lei não chegou a ser regulamentada, segundo a ex-vereadora Séfora Mota (PSB), autora da proposta, porque o grupo de trabalho anunciado para discutir a aplicação da norma jamais se estabeleceu. Em dezembro do ano passado, o processo de regulamentação acabou sendo arquivado em definitivo, conforme os registros da Prefeitura. O motivo não é especificado.

Segundo a ex-vereadora, faltou vontade política para colocar a legislação em vigor: ”Foi uma lei difícil de ser aprovada porque o sindicato dos bares é muito forte. Eles conseguiram implementar a emenda que engessa e conseguiram ainda a proposta de implementar um grupo de trabalho. Hoje, a legislação está na estaca zero. Faltou vontade política mesmo e, por quais motivos, não consigo entender. Enfim, continuo recebendo várias reclamações de frequentadores da noite”, comentou.

Uma emenda restringiu a proibição de comandas a casas noturnas com capacidade para 600 pessoas ou mais. Em alguns dos estabelecimentos desse porte, como o bar Opinião e o Pepsi On Stage, o sistema não é adotado. Entretanto, a reportagem da Rádio Guaíba constatou que, no fim de semana passado, uma boate com capacidade para mais de 800 pessoas, no bairro Floresta, utilizou comandas, o que gerou fila de mais de três horas.

Procurado, o Sindicato de Bares e Restaurantes (Sindha) da Capital, que se opôs à aprovação da Lei, ainda não se manifestou.