Transição previdenciária gera debate em reunião de Leite com chefes de outros poderes

Transição previdenciária gera debate em reunião de Leite com chefes de outros poderes

Governador do Estado classificou conversa como "republicana e necessária"

Mauren Xavier

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O encontro do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, com chefes de outros poderes foi realizado na manhã desta segunda-feira em Porto Alegre. Ao final da reunião, Leite expôs uma certa preocupação com a regra de transição da Previdência, que poderia diminuir o impacto das medidas propostas a curto prazo. No entender da gestão, os benefícios com as medidas correm o risco de não atingirem os objetivos.

"Neste momento, no que estamos projetando não há a transição nas questões previdenciárias, os chamados pedágios para quem está perto da aposentadoria. Naquilo que se refere às carreiras, nós trabalhamos como o governo federal trabalhou lá no final da década de 90, início dos anos 2000, sem uma transição, o fim das vantagens temporais. Sem a transição porque ela também custa e o Estado não tem tido a capacidade de pagamento de seus servidores já no presente. Aquilo que pode pressionar a aposentadoria já está acontecendo em nível federal, ou seja, o fim das incorporações. Não é pela nossa iniciativa, estamos apenas replicando. É natural este processo de alteração. O preço que se cobra da sociedade por não fazer é muito maior do que o preço de uma aprovação de uma legislação como esta", disse Leite.   

Leite reiterou que o pacote irá impactar na vida dos servidores e destacou que o Rio Grande do Sul é quem sai prejudicado se não houver uma mudança. "Nós nunca douramos a pílula em relação ao impacto na vida dos servidores. É preciso mudar para uns para melhorar a vida de todos. O Estado paga um alto preço pelo desajuste fiscal e toda a sociedade paga este preço junto. Há preocupações sobre o prazo de transição e ela, que precisa ser gradual, cobra o seu preço. Como suportar este preço? De alguma forma isso tem que ser pago. É a sociedade quem paga a conta como um todo se nós não compartilharmos esse esforço com os servidores", explicou. 

O governador avaliou a reunião como uma conversa "republicana e necessária". "As propostas que estamos apresentando na Assembleia Legislativa têm impactos em todos os poderes, em todos os servidores, especialmente no que diz respeito às alíquotas previdenciárias e de idades mínimas de contribuição. É necessário que nós possamos compartilhar esta agenda que temos que chefes de outros poderes. Foi uma boa conversa, uma oportunidade para apresentar o projeto antes de formatá-lo em versão final para a Assembleia, até para que a gente possa sofrer as críticas e as interferências para construir uma unidade em torno do assunto", argumentou. 

Presidente do TJ diz aguardar "texto legal"

Após o evento, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Carlos Eduardo Zietlow Duro foi cauteloso na manifestação sobre a reunião. Segundo ele, uma avaliação mais profunda poderá ocorrer com o texto legal, em que serão indicadas as legislações passíveis de alteração. "São medidas que afetam o funcionalismo e que indicamos a necessidade de um abrandamento no processo", afirmou. Uma das questões centrais da conversa entre os chefes de poderes foi a questão das mudanças previdenciárias, que envolvem o aumento da alíquota de contribuição dos servidores. 

O desembargador pontuou ainda a reação do funcionalismo. Comparou a situação que o Tribunal de Justiça tem vivenciado em que uma parcela de servidores estão em greve em função de um projeto de lei que prevê a extinção de um cargo, assim que as vagas forem ficando vagas. "É um projeto em que os direitos estão assegurados e há uma greve. Essa é a tendência, até porque são propostas muito mais polêmicas", adiantou. 

 


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