TRF2 determina restabelecimento da prisão de deputados soltos pela Alerj

TRF2 determina restabelecimento da prisão de deputados soltos pela Alerj

Desembargador sustentou que ação de soltura dos parlamentares foi "completa violação à Constituição"

AE

TRF2 determina restabelecimento da prisão do presidente da Alerj nesta terça-feira

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O Tribunal Regional Federal 2ª Região (TRF2) determinou novamente, por unanimidade, o restabelecimento da prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani, e dos deputados Edson Albertassi e Paulo Melo, todos do PMDB, na tarde desta terça-feira. O restabelecimento da prisão de deputados é imediata e não passa pela Alerj.

Nesta sessão, estava prevista a decisão do afastamento dos deputados de suas funções da Alerj, mas o relator Abel Gomes pediu questão de ordem e argumentou que o alvará de soltura, determinada em votação entre os deputados da Alerj, não passou pelo tribunal. A decisão dos parlamentares foi encaminhada diretamente pela assembleia para a prisão de Benfica, na zona Norte do Rio, sem passar pelo TRF, e os deputados foram soltos.

O desembargador Paulo Espírito Santo concordou com o relator e disse que a libertação dos deputados "pareceu resgate de faroeste". "Eles foram resgatados sem nenhuma ordem judicial", disse. "As pessoas precisam acreditar no Judiciário e como vão acreditar vendo isso? O Ministério Público está fazendo esforço para recompor o País a sua normalidade, tentando acabar com a corrupção". "A decisão foi estarrecedora. A Alerj escreveu uma página negra em sua história", completou.

O desembargador relator havia argumentado que "só pode expedir alvará de soltura quem determina prisão". "O ato de revogação da prisão só poderia ser expedido por órgão competente, o Judiciário, que portando somos nós. Por óbvio, só expede alvará de soltura quem expede alvará de prisão", disse.

O desembargador ainda sustentou que a ação foi uma "completa violação à Constituição". "Até este momento, não recebi nenhum oficio da Alerj, sequer citando o resultado da votação para que o TRF pudesse adotar as providências", disse. Também votaram a favor da nova prisão os desembargadores Messod Azulay e Simone Schreiber.

Picciani, Albertassi e Paulo Melo foram presos, na última quinta-feira, durante a Operação Cadeia Velha, etapa da Lava Jato sob coordenação do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF) no Rio. Um dia depois, eles foram soltos por uma votação na Alerj.

Os deputados são acusados de receber propina para favorecer empresas do setor de construtoras e concessionárias de transporte público, em troca de decisões favoráveis no legislativo fluminense. O Estado, que vive uma grave crise fiscal, teria deixado de receber R$ 183 bilhões, em decorrência de benefícios fiscais em favor de empresas envolvidas no esquema de corrupção existente desde os anos 90, segundo o MPF.

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