VÍDEO: Mauro Cid confirma que Bolsonaro leu e editou “minuta do golpe” e detalha documento

VÍDEO: Mauro Cid confirma que Bolsonaro leu e editou “minuta do golpe” e detalha documento

Segundo o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o decreto propunha Estado de Defesa, Estado de Sítio, prisão de autoridades e decretação de um conselho eleitoral

Diego Nuñez
Ex-presidente Jair Bolsonaro está presente no interrogatório de Mauro Cid

Ex-presidente Jair Bolsonaro está presente no interrogatório de Mauro Cid

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Durante interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, confirmou que o ex-presidente tinha conhecimento do documento conhecido como “minuta do golpe”. Segundo o depoimento, Bolsonaro leu a proposta de decreto, pediu alterações e apresentou parte aos comandantes das Forças Armadas durante uma reunião no Palácio do Alvorada.

Cid detalhou o documento, que teria sido inicialmente apresentado a Bolsonaro por seu então assessor para assuntos internacionais, Filipe Martins.

“O documento consistia basicamente de duas partes. A primeira parte eram os considerandos, 10, 11, 12 páginas. Muito robusto. Nesses considerandos eles listavam basicamente as possíveis interferências, intervenções do STF e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no governo Bolsonaro e nas próprias eleições. E na segunda parte entrava numa área mais jurídica de Estado de Defesa, Estado de Sítio, prisão de autoridades e decretação de um conselho eleitoral, alguma coisa assim para refazer as eleições ou algo parecido”, depôs Cid.

O ministro Alexandre de Moraes, então, quis saber quais autoridades seriam presas. “Basicamente, vários ministro do STF, presidente do Senado (Federal), acho que o presidente da Câmara (dos Deputados) não, mas eram várias autoridades tanto do STF quanto do Legislativo”, descreveu o ex-ajudante de ordens.

Ele seguiu fazendo esclarecimentos a Moraes. Disse que o plano era realizar uma nova eleição a parte da hipotética comissão eleitoral que foi citada. Confirmou ainda que Bolsonaro recebeu, leu e editou o suposto decreto.

“De certa forma, enxugou o documento. Basicamente retirando as autoridades das prisões. Somente o senhor (Alexandre de Moraes) ficaria como preso”, disse Cid diretamente ao ministro.

Após a minuta do golpe ser editada com as sugestões de Bolsonaro, teria sido organizado um encontro com os comandantes das Forças Armadas. Eram eles os então comandantes do Exército, general Freire Gomes, da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Júnior, e da Marinha, almirante Almir Garnier Santos.

“Quando os comandantes vieram, a apresentação que foi feita inicialmente foi só da parte dos considerandos, que foi a parte que eu presenciei, porque eu que operava o computador. Foi projetado na tela com a participação do Filipe Martins nessa reunião. Foi só a primeira parte. A outra parte, com os artigos do tal do decreto, com estado de sítio e defesa, ou não foi apresentado nesse dia, ou nós não estávamos presentes no momento”, afirmou o réu.

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