Área plantada de arroz fica abaixo das estimativas de queda

Área plantada de arroz fica abaixo das estimativas de queda

Enquanto isso, soja avança em terras baixas

Angélica Silveira

Números foram divulgados na 33ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas

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A área plantada de arroz irrigado no Rio Grande do Sul na safra 2022/2023 é de 839.972 hectares, 12% a menos que o total do ano passado, de 957 mil hectares, de acordo com dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) divulgados nesta terça-feira (14) na 33ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas. A área foi 2 pontos percentuais menor que a projeção inicial do Irga, de queda de 10%, baseada na intenção de semeadura dos produtores. O arroz deu lugar principalmente à soja, cuja área plantada em terras baixas foi de 505.965 hectares, o equivalente a um aumento de 19% em relação à safra 2021/2022 (com área plantada de 426.212 hectares), 2 pontos percentuais a mais que o projetado inicialmente pelo irga, de 17% de aumento.

“A gente bate os 500 mil hectares semeados de soja, acho que é bem importante isso, a soja estar bem estabelecida em rotação com o arroz”, comentou a diretora técnica do Irga, Flávia Miyuki Tomita. No ano passado, o Irga fez seu primeiro levantamento para o milho em terras baixas e constatou que a cultura também vem ganhando espaço, com 12.787 hectares plantados. A região em que mais houve queda na semeadura do arroz foi a Zona Sul do Estado, com 137.583 hectares plantados, 14,99% a menos que no ano passado. Na região também houve o maior incremento na área semeada de soja, de 35,46%, com 148.983 hectares. 

“Por que a Zona Sul diminuiu tanto a área? Falta de resultado do arroz e resultado bom da soja porque é uma área que tem facilidade de irrigação e nós estamos cada vez mais irrigando essa soja da Zona Sul”, explicou o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho. Ele ressaltou que os custos de produção do arroz são duas vezes maiores que os da soja. “Então o alto custo de produção, baixo resultado econômico e falta de rentabilidade diminuem a área do arroz e aumentam a de outros grãos”, completa.    

Outro fator que prejudica os arrozeiros gaúchos é a estiagem, que já faz produtores desistirem em algumas áreas, em especial na Fronteira Oeste do Estado, onde 12.456 hectares do cultivo já foram abandonados por incapacidade de irrigação, segundo o presidente do Irga, Rodrigo Machado. A segunda região mais afetada é a Depressão Central, com 2.100 hectares abandonados.

Três mil pessoas no primeiro dia

A grande presença de público marcou o primeiro dia da 33ª Abertura da Colheita do Arroz e grãos em Terras Baixas, que se estende até quinta-feira (16). Cerca de três mil pessoas visitaram o evento na Estação Experimental Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão. “Está superando as expectativas. Com uma programação imperdível, uma lavoura muito bonita de arroz, soja, milho, enfim todas as cultivares que estão sendo aqui testadas”, comemorou o presidente da Federarroz, Alexandre Velho. Para ele, a abertura da colheita é um evento técnico e profissional, que traz as ferramentas para que o produtor possa se manter na atividade rural. 

Os produtores Lídio Ferreira da Cunha e Hildomar Hubener, de Camaquã, apreciaram a visita. Cunha divide seus 50 hectares entre soja e arroz. “Estou vindo pela segunda vez e é sempre bom aprender mais, ver maquinário, variedades de soja e também de milho”, opina. Hubener visitou o evento pela primeira vez e buscou aprender sobre variedades e manejo. “Foi o que me chamou atenção, pois estou sempre em busca de mais rentabilidade”, relata. 


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