Agricultura impulsiona produção de carne bovina gaúcha

Agricultura impulsiona produção de carne bovina gaúcha

Com avanço das lavouras, NESPro estima crescimento de 20% para a atividade nos próximos dez anos no Rio Grande do Sul

Patrícia Feiten

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A produção gaúcha de carne bovina deve ter um avanço de 20% até 2033. A projeção é do professor e coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Julio Barcellos. “Isso seria em torno de 100 mil a 120 mil toneladas, perfeitamente possível de ser alcançado”, afirma. O salto, segundo o professor, será possibilitado por vários fatores, sendo o primeiro o processo de “agriculturização” que vem ocorrendo na Metade Sul do Estado. “Vamos aumentar o peso de carcaça, os ciclos ficarão mais curtos, e isso já é suficiente para aumentar (a produção em) no mínimo 50 mil toneladas”, diz Barcellos.

A Metade Norte também terá peso importante na expansão do setor. Segundo Barcellos, a região tende a se transformar em uma “nova matriz” de negócios à medida que suas cooperativas de grãos investem na oferta de insumos para a indústria frigorífica e na integração com pecuaristas da Metade Sul. “Essas grandes cooperativas vêm desenvolvendo departamentos de produção animal, então enxergam também uma grande oportunidade para uma pecuária temporal na Metade Norte”, observa Barcellos.

Devem contribuir, ainda, para um maior crescimento da produção gaúcha as oportunidades de exportação para o Uruguai e o aumento do consumo interno, resultado de investimentos da cadeia produtiva em programas de qualidade e certificação de carnes. “O Rio Grande do Sul também se preparará para atingir os nichos de mercado do centro do país que ainda preferem uma carne de raças britânicas e que, atualmente, estão importando do Uruguai, da Argentina e até da Austrália”, avalia.

PROTEÍNAS ANIMAIS

A estimativa de Barcellos considera a que a produção gaúcha de carne bovina cresça 2% ao ano até 2033 – portanto, superando as projeções do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), recentemente divulgadas no estudo Projeções do Agronegócio, Brasil 2022/23 a 2032/33. Confeccionado pela Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Mapa e pela Embrapa, o documento aponta um crescimento de 12,4% à produção da proteína brasileira no período, “embora o Brasil continue liderando o mercado internacional do produto, suprindo 28,5% do consumo mundial”, destacou o Mapa.

Entretanto, o avanço projetado pelo Mapa para a produção de cortes bovinos é inferior ao previsto para a de frango e a de suínos, de 28,1% e 23,2%, respectivamente, nos próximos dez anos. Contudo, para a produção total (bovina, de frango e suína) é previsto um avanço de 22,4% no período, saindo dos atuais 29,6 milhões de toneladas para 36,2 milhões de toneladas anuais. As carnes de frango e suína também deverão atingir os maiores percentuais de avanço anual, de 2,4% e 2,3%, frente a uma expansão de 1,2% ao ano estimada à proteína bovina.

No caso do mercado externo, as projeções apontam um quadro favorável para o Brasil, com aumento de 2,8% ao ano nos embarques de frango, 2,6% ao ano nas exportações de proteína suína e 2,9% ao ano nas de carne bovina. Ao final do ciclo 2032/33, as vendas externas deverão chegar a um total anual 11,7 milhões de toneladas, um salto de 30,8% em relação ao volume do ano inicial, de 9 milhões de toneladas exportadas. O maior acréscimo nas exportações, de 33,5%, é esperado para a carne suína, frente à alta de 30,9% para as carnes de frango e de 29,7% para a bovina. Segundo o cenário estimado, a expansão na produção de proteína animal até 2033 será impulsionada, principalmente, pelo mercado interno, pelas exportações e por ganhos de produtividade.


Correio do Povo
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