Agro gaúcho exportou US$ 3,7 bilhões no primeiro trimestre

Agro gaúcho exportou US$ 3,7 bilhões no primeiro trimestre

Queda no volume embarcado foi compensada pelo aumento nos preços médios dos itens enviados ao exterior, mostra levantamento

Patrícia Feiten

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A escalada dos preços internacionais turbinou o valor das exportações do agronegócio gaúcho, que atingiu 3,7 bilhões de dólares no primeiro trimestre deste ano, um avanço de 4,7% frente ao mesmo período de 2022. Apresentado no boletim Indicadores do Agronegócio do RS, do Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), o resultado foi o maior para um primeiro trimestre desde 1997, quando teve início o levantamento, e representou 73% do total gerado pelas vendas do Estado no período. No período analisado, os valores médios dos produtos enviados ao exterior pelo Rio Grande do Sul subiram 23%, compensando a redução de 14,9% no volume embarcado.

O pesquisador Sérgio Leusin Júnior, um dos responsáveis pelo documento, explica que o bom desempenho do agro exportador ocorre em meio a um cenário internacional de inflação e cotações de commodities agrícolas em níveis elevados. “O estoque global e o consumo mundial das commodities estão em patamares relativamente baixos, isso dá sustentação para os preços”, afirma. Os números, destaca o pesquisador, ainda não refletem os danos da estiagem que impactou a última safra verão, embora ela tenha sido menos severa que a anterior. “Temos uma base de comparação inferior. Apesar de vivermos em um contexto estiagem, ele ainda é melhor que o de 2022 e, nos próximos trimestres, podemos ter crescimento mesmo em ano de estiagem”, avalia.

Entre os setores exportadores que registraram crescimento nas vendas de janeiro a março, o destaque foi o de carnes, que ampliou em 18,6% as receitas na comparação com o primeiro trimestre de 2022, para 655,30 milhões de dólares. Puxado pelos embarques de carne de frango, que totalizaram 386,94 milhões de dólares, um incremento de 23,4% na mesma base de comparação, o resultado reflete, em parte, a alta demanda chinesa. “Com os casos de gripe aviária, que agora atingem até nossos vizinhos do Mercosul, o Brasil têm se beneficiado do status sanitário diferenciado”, acrescenta Leusin Júnior.

No caso de máquinas e implementos agrícolas, a receita dos embarques aumentou 29,3% no período analisado, atingindo 167,67 milhões de dólares. “São setores que vêm de nove trimestres (seguidos) de crescimento, e seu desempenho não está diretamente relacionado às condições climáticas no Estado”, observa o pesquisador. Outro destaque nas vendas externas, o segmento de fumo gerou receitas de 592,14 milhões de dólares, um avanço de 20% alavancado pela alta dos preços médios do produto.

Soja

Mesmo com a queda de 14,5% no volume exportado, os embarques de soja lideraram as exportações do agro gaúcho em termos financeiros. Também beneficiado por um incremento (19,2%) nos preços médios, o segmento exportou o equivalente a 791,88 milhões de dólares no primeiro trimestre deste ano, um aumento de 1,9% ante o mesmo período de 2022.

Ao contrário do cenário que caracterizou o primeiro trimestre de 2022, a sojicultura iniciou este ano em marcha lenta nos embarques, segundo Leusin Júnior. “Os preços estão em declínio, os prêmios de exportação estão negativos, e a desvalorização do dólar (frente ao real) torna a nossa soja menos competitiva no mercado internacional. O produtor está segurando a venda para os próximos trimestres”, avalia.

Biocombustíveis

Embora não figurem entre os principais itens de exportação do agronegócio, os biocombustíveis mostraram um resultado expressivo no primeiro trimestre de 2023. As vendas de 27,1 milhões de dólares no período indicam um salto 384,8% na comparação com os primeiros três meses do ano passado.

Segundo Leusin Júnior, esse resultado veio principalmente das vendas para os Estados Unidos (19,9 milhões de dólares). “É a primeira exportação em escala industrial para os EUA. O mercado internacional está bem aquecido, vários países têm tentado implementar políticas de incentivo aos biocombustíveis. Isso vai favorecer o Estado, que tem o maior número de plantas de biodiesel do Brasil”, afirma.


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