Chuva aumenta ocorrência de doenças fúngicas do trigo

Chuva aumenta ocorrência de doenças fúngicas do trigo

Na regional administrativa da Emater de Ijuí, produtores relatam giberela e brusone e já há pedidos de perícia para Proagro

Patrícia Feiten

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Os danos já causados pelas chuvas frequentes e intensas – e o temor de novas perdas, diante da previsão de grandes volumes de precipitação ao longo desta primavera – trazem cada vez mais apreensão aos agricultores. Até o momento, a colheita do trigo foi concluída em apenas 1% da área plantada com o cereal no Estado. O restante está nas etapas de germinação e desenvolvimento vegetativo (4%), floração (23%), enchimento de grãos (54%) e maturação (18%), de acordo com o levantamento divulgado pela Emater/RS-Ascar na quinta-feira. A umidade excessiva tem favorecido a proliferação de doenças fúngicas, que ameaçam o potencial produtivo da cultura e, consequentemente, seu aproveitamento na indústria de panificação, destaca a publicação.

Na regional administrativa da Emater/RS-Ascar de Ijuí, que abrange 44 municípios, o levantamento estima que cerca de 20% do potencial produtivo já tenha sido comprometido. A triticultura ocupa 800 mil hectares na região e os produtores têm relatado a ocorrência tanto de giberela quanto de brusone, duas doenças que prejudicam a qualidade dos grãos, segundo o gerente regional Fábio Pasqualotto. “Tivemos (em setembro) 14 dias com tempo nublado ou chovendo praticamente todos os dias. Muitos produtores ficaram impossibilitados de adentrar na lavoura para fazer a aplicação dos fungicidas no momento correto e tínhamos um clima ideal para a infestação da doença”, explica Pasqualotto.

A abertura oficial da colheita do trigo no Estado ocorre na próxima quinta-feira (5 de outubro), em Cruz Alta. Mas os trabalhos na área da regional de Ijuí devem ganhar força entre os dias 10 e 15, informa Pasqualotto. A estratégia recomendada pelo técnico é que os produtores aproveitem os dias não chuvosos para acelerar a colheita, dependendo da sua capacidade de maquinário. “Produtores que estão ainda com o trigo na fase final de floração ou no início do enchimento de grãos devem procurar a assistência técnica para fazer um controle das doenças, com aplicação de fungicidas, e também o controle de insetos vetores”, orienta.

Embora a dimensão dos estragos varie entre os municípios produtores, Pasqualotto diz que Ibirubá, Quinze de Novembro, Catuípe, Bozano, Ajuricaba, Coronel Barros, Augusto Pestana e Jóia estão entre os mais afetados. “Também tivemos a formação de geada em vários municípios, em uma época extremamente sensível para a cultura, que é a floração, e esse dano a gente vai quantificar duas, três semanas depois, quando a cultura começa a formar o grão”, detalha o técnico. Ele acrescenta que o escritório regional de Ijuí já vem recebendo um elevado número de solicitações de perícias para liberação de seguro agrícola, o Proagro.


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