Colheita da uva inicia-se com atraso

Colheita da uva inicia-se com atraso

Mas isto não deve afetar o setor, como afirma presidente de comissão

Correio do Povo

Safra pode ser menor do que a do último ano

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A colheita da uva teve início na semana passada, em atraso por conta de temperaturas baixas na primavera de 2022, de acordo com o presidente da Comissão Interestadual da Uva, Cedenir Postal. Mas, de acordo com ele, isso não deve prejudicar o setor e o volume da safra está dentro da normalidade. “Acreditamos que a produção está no patamar do ano passado, até um pouco menos pelo que disseram os agricultores”, afirma. Segundo ele, essa menor produção, possivelmente inferior às 683,76 mil toneladas produzidas no ano passado, se deve também ao frio.

Quanto aos possíveis efeitos da estiagem, Postal afirma que ela vem afetando mais pesadamente a variedade de uva bordô, mais sensível à falta de chuvas. “A que já está quase pronta está sendo afetada, mas ainda é cedo para falar em perdas”, diz. Ao mesmo tempo, ele afirma que o clima pode favorecer a qualidade da safra. “Se o tempo continuar da forma que está acreditamos que vai dar uma qualidade excelente, não temos previsão de muita chuva e isso é bom”, diz.

A situação da colheita varia de acordo com a região. Em Frederico Westphalen e proximidades, há colheita das variedades Niágara branca e Niágara rosada, enquanto a variedade Vênus já foi colhida e comercializada, de acordo com o relatório conjuntural da Emater-RS/Ascar. Mas as condições climáticas, de falta de chuvas, afetam negativamente a produtividade da região e os produtores que dispõem de irrigação a estão utilizando, o que impacta no preço final da uva. Ao mesmo tempo, o clima seco evita que as videiras sofram com doenças.

Já em Caxias do Sul, variedades para vinho e outros derivados, como a Riesling e Chardonnay, estão sendo colhidas e em parte já estão sendo processadas em vinícolas. “As uvas para vinificação apresentam excelente qualidade, principalmente quanto à sanidade, além de bom teor de açúcar”, diz o relatório. Já a colheita da variedade de mesa Niágara rosada iniciou tardiamente na região.

Por outro lado, em Flores da Cunha a colheita ainda não foi iniciada, de acordo com o diretor executivo da Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi), Darci Dani. De acordo com ele, lá também é esperada uma safra média. “Tivemos algumas variedades que tiveram algum problema no ciclo reprodutivo, que tiveram um pouco mais de problemas de doenças, sofreram um pouco mais, e outras menos. Está muito parecido com o ano passado”, diz Dani.

De acordo com ele, as noites frias também estão atrasando o desenvolvimento das uvas. “A maturação está acontecendo, mas muito lentamente”, diz Dani. Ele afirma que o setor está atento à qualidade da uva. “Torcemos para que o tempo ajude, que não chova demais na hora da maturação, porque se chover muito na hora da maturação fica apodrecendo, piora a qualidade da uva então isso é ruim, essa é preocupação que tem”, diz. Ele afirma, ainda, que os estoques de vinho estão acima do necessário, mas não fora dos padrões. “Temos um estoque bom mas até poderia ser menor, poderia ter sido vendido um pouco mais de vinho, mas nada que preocupe”, comenta.

Outras regiões onde a colheita de uva também já teve início, segundo o relatório, são a de Ijuí, na costa do Rio Uruguai, onde está com boa qualidade para o consumo de mesa, mas em que também há videiras com ciclo atrasado e com sintomas de podridão da uva madura; a de Santa Maria, onde há boa qualidade e alto teor de açúcar nos frutos, porém há problemas de fitotoxicidade causado por alta aplicação de produtos para tratar doenças em dias de temperaturas altas; e a de Erechim, com 420 hectares cultivados, em especial das variedades Niágara Branca e Rosa e Vênus.


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