Crescimento da produção suína desacelera no Brasil

Crescimento da produção suína desacelera no Brasil

Alta nos abates do segundo para o terceiro trimestre deste ano é 3,46 pontos percentuais menor que no mesmo intervalo do ano passado

Camila Pessôa

Mercados internacionais fomentaram o setor nos últimos três anos

publicidade

O abate de suínos no Brasil diminuiu seu ritmo de crescimento. No terceiro trimestre de 2022 foram abatidas 1,3 milhão de toneladas de carcaças, conforme Pesquisa Trimestral do Abate de Animais, recentemente divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado conta com 19 mil toneladas a mais que no segundo semestre do ano e representa um crescimento de 1,45% ante o trimestre anterior. Mas, apesar disso, o número é 3,46 pontos percentuais menor que a alta de 4,91% verificada do segundo para o terceiro trimestre de 2021. No período, os abates saíram de 1,22 milhão de toneladas para 1,28 milhão de toneladas. O levantamento aponta ainda que, nos primeiros nove meses deste ano, o abate de suínos chegou a 3,87 milhões de toneladas, ante 3,66 milhões de toneladas no mesmo período do ano passado, com crescimento de 5,73%.

De acordo com o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, a diminuição no crescimento da produção já era esperada. “Nesses últimos três anos, tivemos um ritmo intenso em função dos mercados, principalmente da China”, afirma. Entre 2016 e 2021, o abate de suínos aumentou 31,78% em peso de carcaças abatidas. “É um crescimento fantástico, nenhum outro setor da proteína animal cresceu tanto”, avalia Folador.

Contudo, o dirigente lembra que a alta dos custos foi uma grande causadora de prejuízos a produtores. “Hoje o quilo do suíno vivo praticamente empata com o custo: o produtor muito eficiente consegue fechar a conta. Os menos eficientes, não. Já os cooperativados não sentiram a crise”, relata. Mas com pagamento do Auxílio Brasil e do 13º salário, a expectativa é que as festas de final de ano tragam melhora ao mercado interno, além de boas expectativas para o externo. “A exportação tem mostrado recuperação. Teremos volume igual ou superior ao ano passado em novembro”, diz Folador. A projeção também tem como base a recente abertura de mercado no Canadá e no México à proteína suína brasileira.

O mesmo otimismo, entretanto, não alcança a redução nos custos de produção. A preocupação está, principalmente, na previsão do fenômeno climático La Niña, que impactará diretamente as lavouras de milho da safra 2022/23. Mesmo assim, Folador prevê que a produção gaúcha cresça de 3% a 4% em 2023. “Háprodutores ampliando seus planteis de forma pontual”, afirma.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895