Empresa Gaúcha usa Inteligência artificial para trazer economia de defensivos

Empresa Gaúcha usa Inteligência artificial para trazer economia de defensivos

Produto usa pulverização seletiva de plantas daninhas tem potencial para diminuir em 95% o uso de agroquímicos

Lucas Keske

Sistema de pulverização seletiva para agricultura de precisão.

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Um produto apresentado na Expodireto 2024 usa inteligência artificial (IA) para encontrar as plantas daninhas na lavoura e aplicar defensivo apenas sobre elas, prometendo gerar economia de 95% no uso de agroquímicos. A Eirene Solutions, uma empresa gaúcha, de Porto Alegre, trouxe para a feira sua inovadora solução que permite a chamada pulverização seletiva, a SaveFarm. Além da economia com defensivos, esta aplicação ajuda a prevenir derivas e a resistência de plantas contra os químicos.

O engenheiro agrônomo e diretor de implantação da SaveFarm, Artur Fiegenbaum, explica que o equipamento consiste em uma série de câmeras que atuam como sensores e que podem ser adaptados diretamente na barra de qualquer pulverizador, com, pelo menos, um sensor para cada metro. As informações recolhidas pelos sensores, passam por uma inteligência artificial treinada para entender a morfologia das plantas e diferenciar as que devem ser pulverizadas, e as que não. Dessa forma, o sistema ordena a abertura das válvulas PWM e a aplicação de produto apenas quando identifica plantas como buva (Conyza bonariensis) ou capim-amargoso (Digitaria insularis), por exemplo, gastando uma fração do volume de defensivos.

Artur exemplifica que, em uma aplicação normal, uma quantidade uniforme de produto é despejada sobre toda a plantação, mas em diversos casos, as plantas daninhas constituem apenas 5% da lavoura. “Com a aplicação seletiva, o produtor economiza 95% de defensivos. Então, isso é muito justificável economicamente. Porque, hoje, o maior custo dentro de uma propriedade é o que está passando por dentro do pulverizador, o custo com químicos é extremamente alto”, ressalta.

Além da economia de produto, Artur explica que essa tecnologia é muito efetiva para evitar a deriva de defensivos. O uso de químicos em excesso, ou com altas pressões — que geram um tamanho de gota muito pequeno que é mais facilmente dispersado por fenômenos da natureza como o vento — é quase que excluído com o SaveFarm. Além do posicionamento preciso, a válvula PWM é regulada automaticamente pela IA para entregar apenas o volume e o tamanho de gota necessários para cada caso.

Com aplicação apenas sobre as plantas daninhas, o sistema pode identificar os diferentes ciclos das plantas e alterar a quantidade de produto necessário para mantê-las. “Caso haja a presença de plântulas, que são plantas daninhas recém-emergidas, elas podem ser controladas só com uma dose inicial de ‘bula’, então a válvula PWM consegue entregar essa dose menor para plântulas”, explica Artur. Assim, não sendo necessário despejar uma maior quantidade de herbicidas, o que gera ainda mais economia.

A resistência de plantas daninhas em relação a princípios ativos também pode ser evitada por meio da aplicação localizada, já que dribla a aplicação de quantidades excessivas de defensivos. “E em alguns casos, pelo alto custo de controle, o manejo ideal não é realizado porque fica inviável aplicar na área total de maneira convencional”, acrescenta Artur.

O sistema todo em operação faz um barulho bem característico que, segundo Artur, se dá pelas válvulas PWM abrindo e fechando 20 vezes por segundo. Todos os equipamentos são ligados a uma mesma central de energia, que é conectada na bateria do veículo aplicador. Há ainda uma tela que fica disponível para o operador na cabine do veículo, onde os detalhes da aplicação são configurados.

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