Fórum do Milho na Expodireto aponta caminhos para os produtores

Fórum do Milho na Expodireto aponta caminhos para os produtores

Presidente da Fecoagro, Paulo Pires, diz que tendência é que subsistam no plantio do grão em regiões quentes do Rio Grande do Sul apenas os agricultores que conseguirem irrigar

Nereida Vergara

Evento reuniu técnicos nas áreas de commodities, manejo agrícola e cooperativismo

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Primeiro dos fóruns oficiais da 23ª Expodireto que discutem as principais culturas do Rio Grande do Sul, o Fórum do Milho, realizado nesta segunda-feira, traçou um panorama da situação do grão no mundo, seus padrões de consumo e os desafios do produtor diante do clima e de ameaças como a cigarrinha. O presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro/RS), Paulo Pires, que participou do evento, comentou que as palestras estabeleceram um tripé para o produtor pensar: que a comercialização de milho no mundo aumenta de forma exponencial e que o Brasil trilha um caminho de alcançar e até superar os Estados Unidos como grande exportador; que existe inviabilidade logística de trazer o milho do centro do país para a região Sul, maior produtora brasileira de proteínas de frango e suínos, o que consolida o mercado interno com uma demanda de consumo permanente; e a realidade climática do Estado, que prevê o aumento do plantio do grão nas regiões quentes apenas onde é possível irrigar. 

Segundo Pires, o milho sequeiro tende a ser seguro no ambiente de estiagens em sequência apenas em regiões mais frias. "Para ter resultado, os produtores da Metade Sul, por exemplo, só conseguirão produzir com irrigação, seja por sulco ou por aspersão", comenta ele. Na safra deste ano, pelo terceiro ciclo consecutivo, os produtores de milho gaúcho registraram perdas, estimadas pela Rede Técnica Cooperativa (RTC) em mais de 50% da produção esperada para 2022/2023, de cerca de 6 milhões de toneladas.

Paulo Pires participou na manhã desta segunda-feira do encontro das lideranças do agro com o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. De acordo com o dirigente, depois da visita da comitiva do governo Lula ao Estado, no dia 23 de fevereiro, quando foi feito o anúncio para atender o produtor mais necessitado, o governo também refletiu sobre a necessidade de aumentar o suporte à produção. Entre as ideias sugeridas pelo ministro está a reformulação do Seguro Rural, o qual seria ampliado para os produtores da região central do Brasil, que tradicionalmente não faz seguro.

Esta seria uma forma de fortalecer a atuação das seguradoras e garantir o seguro nas regiões que sofrem mais com o clima, como é o caso dos estados do Sul. "O ministro também sinalizou a intenção de aumentar o financiamento às culturas de inverno, que, segundo ele, estão também ligadas à sustentabilidade que o agro persegue", completa Pires.


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