Dia na Expointer é marcado por debate sobre o fim da vacinação contra aftosa no RS

Dia na Expointer é marcado por debate sobre o fim da vacinação contra aftosa no RS

Fórum nacional discute ao longo desta sexta-feira programa de erradicação da doença no Estado

Caroline Grüne / Especial

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Com último registro de febre aftosa no Brasil há 13 anos, governo cogita a retirada da obrigatoriedade da vacinação no Rio Grande do Sul como parte do programa de erradicação da doença. A partir desta iniciativa, a carne e o animal ganham valorização comercial na exportação. Ao mesmo tempo, criadores e médicos veterinários temem que a falta de fiscalização nas fronteiras torne os animais gaúchos vulneráveis. A discussão do tema ocorreu ao longo desta sexta-feira, na Expointer, durante o 1º Fórum Nacional do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa.

Santa Catarina foi o primeiro estado em que a obrigatoriedade foi retirada e o Paraná fechará a barreira no próximo mês. Angelo Pagliosa, criador paranaense, traz animais para a Expointer há 12 anos. “Neste ano, ficamos em dúvida se poderíamos vir competir, pois se nosso Estado tirasse a obrigatoriedade e estivéssemos aqui, não poderíamos voltar”, pondera. Apesar de entender o reconhecimento sanitário que surge com a retirada da obrigatoriedade, o criador teme não poder circular com seus animais e participar de competições.

Por outro lado, os criadores Julio Ortiz, de Cachoeira do Sul e Paulo Moura, de Santo Antônio das Missões, estão convictos dos pontos positivos da retirada da obrigatoriedade. Moura afirma que a vacinação agride os animais, causando caroços, e é um custo a mais para o criador. Questionado se acredita que lucrará mais com o fim da vacina, diz: “se o comércio não melhorar, pelo menos diminui o custo para o produtor que não vai ter mais que comprar as vacinas." Para Ortiz, a obrigatoriedade nem deveria ter existido. “Não era necessário a implantação nacional. Poderiam ter fechado a área infectada e tratado localmente", acredita.  

Rosane Colares, chefe da Divisão Sanitária animal da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul, relembrou os últimos episódios de animais infectados no Rio Grande do Sul. De acordo com ela, quando ocorre um foco existem duas opções: o abate ou o encaminhamento de animais para o frigorífico. Em 2000, como não havia nenhum frigorífico próximo ao local onde a doença foi detectada, 11 mil animais fora sacrificados. Em 2001, 1.100 animais foram mortos e os demais encaminhados para o frigorífico mais próximo.

De acordo com João Pereira Junior, diretor do Sindicato dos Médicos Veterinários do Rio Grande do Sul (SIMVETRS), um inquérito identificou que não há vírus circulante no Estado, o que dá segurança para que solicitemos uma zona livre. Mas o Sindicato ainda não tem todos os dados necessários para garantir tranquilidade na retirada da vacina. “Entendemos a importância para que o Estado evolua na questão sanitária”, reconhece, ao ponderar: “Precisamos ter controle de total (na Fronteira) para evitar que todo o trabalho caia por terra.”


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