Influenza Equina deixa criadores em alerta

Influenza Equina deixa criadores em alerta

Prorrogação da obrigatoriedade da vacina é contestada pelo Sindicato dos Médicos Veterinários do RS

Luciamem Winck

Bem-estar animal em equinos foi alvo de amplos debates nesta quinta-feira na Casa do Veterinário do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio

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O bem-estar animal em equinos foi alvo de amplos debates nesta quinta-feira na Casa do Veterinário do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. O momento é delicado em razão da Instrução Normativa (IN 09/2018), da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação, que prorrogou por mais seis meses o prazo para a obrigatoriedade em todo o Estado de comprovação da vacina contra a Influenza Equina. A primeira IN previa para 26 de agosto a entrada obrigatória da vacina e extinção dos atestados de sanidade, que informam que os equinos não têm doença infecto-contagiosa há 30 dias, para a emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA). O novo prazo agora é fevereiro de 2019.

De acordo com o diretor do Sindicato dos Médicos Veterinários do Rio Grande do Sul (Simvet/RS), João Pereira Junior, uma decisão conjunta do corpo técnico da pasta e de entidades do setor equestre do Estado definiu que os atestados não eram válidos. "Ficou definido que somente com a imunização é possível assegurar a sanidade do rebanho equino", assinalou. Pereira Junior ressaltou que o Simvet/RS vem emitindo vários alertas quanto aos riscos decorrentes do retardamento da obtrigatoriedade em solo gaúcho. "Estamos diante de um risco, considerando que, na América do Sul, ocorreram focos de Influenza Equina recentemente na Argentina, Chile e Uruguai, e também em algumas regiões do Brasil", enfatizou.

A doença - enfermidade viral de alta transmissão e forte impacto econômico - é transmitida por contato direto. "A taxa de mortalidade é pequena, mas pode trazer outras complicações mais sérias, como pneumonia e degeneração no coração e fígado", frisou. O Simvet/RS igualmente está empenhado na habilitação de profissionais para trabalhar especificamente com equinos. "A intenção é especializá-los para que realizem coletas para exames de mormo e anemia infecciosa e trabalhem de forma padronizada", explicou. O objetivo, segundo ele, é assegurar a maior segurança possível para os animais, considerando que o cavalo é muito sensível.

A médica veterinária Carla Menger Lehugeur, que integra o Grupo Técnico de Bem-Estar Animal da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação, revelou que, de acordo com o Censo Agropecuário de 2017, realizado pelo IBGE, a população equina do Rio Grande do Sul foi quantificada em 347.424. O número, porém, pode não retratar o real plantel. O superintendente do Setor de Registro Genealógico da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), Frederico Vieira de Araujo, afirma que os registros apontam para a existência de 407 mil cavalos crioulos no Estado. Por outro lado, advertiu que o volume contemple apenas os nascimentos, sem contabilizar a baixa por óbitos. A única certeza é que o segmento movimento milhões de reais e gera diversos empregos diretos e indiretos.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895