Produtores de leite do RS vão pedir à União mudanças no Programa de Escoamento da Produção

Produtores de leite do RS vão pedir à União mudanças no Programa de Escoamento da Produção

Objetivo é apresentar à ministra Tereza Cristina, durante visita à Expointer, pedido de inclusão da comercialização de leite UHT e derivados no programa

Luciamem Winck

Alexandre Guerra, presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul, defende união em busca de soluções para o setor

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Lideranças do setor lácteo se uniram para reivindicar ao governo federal ajustes na legislação do Programa de Escoamento da Produção (PEP). O objetivo é incluir a comercialização de leite UHT e derivados, já que hoje existe somente para leite cru. "Isso praticamente inviabiliza a efetividade da ferramenta”, avalia o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS), Alexandre Guerra.

O pedido consta de ofício que será entregue nesta quinta-feira à ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, ocasião em que é esperada na Expointer. “Apresentaremos à ministra a situação crítica que se encontram produtores e indústrias e solicitaremos medidas para a solução dos problemas enfrentados”, frisou.

Durante entrevista no Pub do Queijo e Leiteria na manhã desta segunda-feira, Guerra disse que é necessário criar políticas efetivas de controle de estoque e abastecimento interno por parte do governo federal. “É necessária e urgente a intervenção da União, com a aquisição de 30 mil toneladas de leite em pó e de 200 milhões de litros de leite UHT, de modo a enxugar a oferta”, exemplificou.

O dirigente do Sindilat ainda defendeu a necessidade de fortalecimento da produção brasileira de lácteos, ampliando a busca por novos mercados externos. “Precisamos de políticas estruturantes de fomento e assistência técnica para ampliar ainda mais a sanidade de nossos rebanhos e a qualidade do leite produzido." 

O documento que será entregue à ministra é assinado pelo secretário da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Covatti Filho, e pelos dirigentes do Sindilat, Farsul, Ocergs, Fecoagro e Fetag. “É essencial que o governo federal se sensibilize com a situação do setor produtivo, principalmente após a assinatura do acordo com a União Europeia, que expõe o mercado nacional aos produtos importados. Temos consciência da importância estratégica do livre comércio, mas precisamos estar preparados para enfrentar esse novo cenário”, observou.

Guerra também lembrou que em diversos países, os governantes concedem benefícios ao setor lácteo, que inexistem no Brasil. Com a abertura do mercado chinês para os lácteos brasileiros, ele argumenta que ainda há muito a ser feito. E o ponto de partida passa pela competitividade para viabilizar exportações, como a redução do preço da exportação da tonelada de leite em pó dos atuais 3,1 mil dólares para 2,9 mil dólares, o que corresponde a aproximadamente 6%.

Já o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, avalia que a China não substituirá fornecedores tradicionais, como a Nova Zelândia, sem uma boa vantagem comercial. “Para conseguir essa redução, o preço pago pelo litro de leite também precisaria diminuir cerca de 30% sem atingir a rentabilidade dos tambos. Temos alto potencial de expansão de produção leiteira, já que produzimos mais do que o consumo do Estado. Por conta disso, temos necessidade de maior incentivo para venda em outros estados e maior competitividade para comercialização de alguns produtos, inclusive quando comercializados dentro do Rio Grande do Sul”, assinalou Palharini.

Na sua avaliação, a reforma da Previdência é fundamental para a retomada da economia. No entanto, sustenta que a reforma da Tributária será a salvação.

Igualmente hoje houve o lançamento do 5° Prêmio Sindilat de Jornalismo. Os vencedores serão conhecidos na cerimônia alusiva ao 50° aniversário da entidade.


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