Startups apresentam tecnologias capazes de mudar hábitos e otimizar a produção rural

Startups apresentam tecnologias capazes de mudar hábitos e otimizar a produção rural

Expointer se mostra também como uma feira de inovação

Henrique Massaro

Startup criou coleira que tem a capacidade de verificar o tempo de ruminação, atividade e ócio dos bovinos

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Como feira de ponta, a Expointer exibe o estado da arte dos equipamentos, técnicas e produtos do agronegócio e já pode ser vista também como feira de inovação. Diversas startups — por definição, empresas com potencial empreendedor, emergentes e de crescimento rápido, viável e inovador — participam do evento apresentando ao público tecnologias capazes de mudar hábitos antigos e otimizar a produção rural.

Uma dessas empresas é a Racks Tecnologia Agrícola, instalada no Tecnosinos e se preparando para entrar no mercado no ano que vem, que conta com um sistema para irrigação voltado para preservação da água. O equipamento, movido exclusivamente com energia solar, é composto por sensores fixos no campo, que captam dados de umidade para enviá-los a uma central, onde são disponibilizados online em formas de gráficos e tabelas, que indicam o momento mais adequado para adotar as práticas que levam à máxima produção da lavoura. “Tem sido bem interessante perceber o quão empírico é o método atual”, comenta uma das idealizadoras do sistema, Fabiane Kuhn.

Já fixada profissionalmente há 10 anos, a CheckPlant, de Pelotas, é outro exemplo de startup voltada ao meio rural. A empresa desenvolveu um software de gestão operacional de fazendas, o sistema Farmbox, que detecta pragas e controla a aplicação de insumos, o que reduz custos e impacto ambiental, a partir de um aplicativo de celular conectado a uma plataforma Web. A idealizadora da empresa, Ivana Manke, diz que a ideia é garantir um melhor planejamento de gastos e das pulverizações ao longo da safra.

Também voltada para pulverizações nasceu a Arpac, depois que o piloto Eduardo Goerl sofreu um acidente e em 2008 e resolveu trocar o tamanho de suas aeronaves. Desde 2014, ele utiliza profissionalmente drones para auxiliar o trabalho de produtores rurais, principalmente de pequeno porte. Isso porque, explica Goerl, a contratação de um avião pulverizador custa, em média, R$ 2 mil por hora, enquanto que a startup faz os procedimentos por cerca de R$ 300,00.

As vantagens, de acordo com o piloto, não estão somente no custo, mas também na menor quantidade de produto utilizado na lavoura, pois, com os drones, se pode pulverizar somente a área necessária. As pequenas aeronaves também se mostram mais eficazes que os tratores, por não causarem danos ao solo, além de não terem dificuldades em terrenos íngremes.

A pecuária é outra atividade rural aprimorada com a inovação. A startup Chip Inside criou uma coleira (foto acima) que tem a capacidade de verificar o tempo de ruminação, atividade e ócio dos bovinos. Segundo um dos fundadores da empresa, Leonardo Martins, o equipamento possibilita traçar padrões comportamentais e identificar os momentos de variação de atividade. Com isso, se sabe os períodos de cio e doenças dos animais de dois a três dias antes.

Para disseminar a ideia entre os criadores, foi criado o CowMed. Segundo Martins, trata-se de um “plano de saúde da vaca”, no qual o proprietário paga uma taxa mensal de R$ 20 por animal, que é monitorado a distância. Com a coleira, também já é possível controlar a nutrição do gado. É quase como se os bichos fossem questionados sobre sua alimentação e respondessem através da ruminação o quanto estão produzindo. De acordo com o idealizador, há um caso de uma cliente que, em um ano, aumentou a produção leiteira de suas vacas de 1,5 mil litros para 2,7 mil litros por dia. “É uma pecuária de precisão para, no futuro, não ter mais que ‘perguntar’ para a vaca”, diz o idealizador da Chip Inside, prevendo que a ferramenta poderá começar a estabelecer protocolos a serem seguidos.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895