Exportações de suínos no Rio Grande do Sul aumentam 26,81% em 2023

Exportações de suínos no Rio Grande do Sul aumentam 26,81% em 2023

Em todo o Brasil, o crescimento foi de 15,9%

Camila Pessôa

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O Rio Grande do Sul exportou 89,1 mil toneladas de carne suína entre janeiro e abril deste ano, o que representa um aumento de 26,81% em relação ao volume exportado no mesmo período do ano passado, de 70,26 mil toneladas. Enquanto isso, o volume total de exportações do país cresceu 15,9% nesse período, de 327,3 mil toneladas para 379,4 mil toneladas, se comparado com o mesmo mês de 2022. Já em receita, o crescimento para o Brasil é de  29,7%, de 692 milhões de dólares para 897,7 milhões de dólares. 

Isso se deve a um aumento de demanda da China e outros países asiáticos relacionados à peste suína africana e afrouxamento de restrições sanitárias devido ao coronavírus além de problemas relacionados a altos custos de produção nos Estados Unidos e União Europeia, como explica o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), Valdecir Folador. “Então consequentemente temos um volume menor de oferta de carne suína no mercado internacional e isso que tem trazido esses bons ventos para o aumento de exportações da carne suína brasileira”, explica. Segundo ele, isso também é influenciado pela abertura de mercados para o México e Chile, por exemplo.

“As vendas internacionais brasileiras cresceram em oito dos dez maiores países importadores do setor, em especial, nos cinco maiores importadores localizados na Ásia e na América do Sul. Diversos fatores influenciaram o saldo positivo de abril e do quadrimestre, desde questões sanitárias na produção local de mercados asiáticos até mesmo a ampliação das habilitações e novos mercados que começam efetivamente a importar do Brasil. Nos quatro primeiros meses do ano fizemos uma média de quase 95 mil toneladas por mês”, justificou, em nota, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin. De acordo com a associação, o cenário aponta para um volume de exportações de cerca de 1,2 milhão de toneladas em 2023. “O que faria o Brasil se aproximar ainda mais do terceiro maior exportador do mundo, o Canadá”, comentou, também em nota, o diretor de mercados da ABPA, Luís Rua.

Os bons resultados em exportações, unidos à queda nos preços do milho e farelo de soja, estão causando maior equilíbrio entre custos e preços para o produtor gaúcho, de acordo com Folador. Mas, segundo ele, a conta ainda não fecha, uma vez que os estoques de milho de grande parte dos produtores ainda foram comprados quando o grão estava com preços maiores, de entre R$ 85,00 e R$ 90,00 por saco. “E até ele baixar esse estoque de milho caro a conta do custo de produção vs preço de venda ainda estará no zero a zero ou perdendo alguma coisa”, comenta Folador. Por outro lado, os produtores que já estão comprando milho a cerca de R$ 60,00 por saco tem conseguido ter margens de lucro, mesmo que baixas, falando-se principalmente do produtor independente, que sente mais as flutuações de mercado, segundo Folador.

“Precisamos que o preço do suíno no mercado interno volte a reagir, que tenhamos uma valorização do preço do quilo do suíno vivo para o produtor conseguir começar a trabalhar com margem”, diz o presidente da ACSURS. “Essa queda expressiva e ao que tudo indica se manterão a preços menores, abaixo dos R$ 60,00 o saco, também porque temos a iminência da entrada da segunda safra de milho do Centro-Oeste, que vai colocar uma grande oferta de milho no mercado interno brasileiro no segundo semestre”, diz Folador. “A exportação com volumes maiores e uma melhora nos preços recebidos sem dúvida alguma já começaram e tendem a ajudar ainda mais na elevação dos preços dos suínos, principalmente a partir do segundo semestre”, destaca. 


Correio do Povo
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