Representantes da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) se reunirão em Brasília, nesta quinta-feira (17), com o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, na tentativa de reverter as mudanças determinadas pela pasta no calendário de plantio da soja no Estado. Com a medida, anunciada por meio de portaria em julho, o período recomendado passou a ser de 1o de outubro deste ano a 8 de janeiro de 2024, o que reduziu em 40 dias a janela de semeadura.
Segundo o coordenador da Comissão de Grãos da entidade, o engenheiro agrônomo Elmar Konrad, a mudança é “drástica” e impossibilitará os produtores de fazerem a safrinha da oleaginosa tanto nas áreas irrigadas quanto nas de sequeiro. “É necessária e indispensável a alteração, porque penaliza muito o Rio Grande. Se plantarmos o milho, por mais cedo que seja, não se colhe ele antes de 15 de janeiro. Vamos levar (argumentos) de forma técnica e, com o respaldo das informações que se tem, acreditamos numa flexibilização”, diz Konrad.
Caso as normas atuais sejam mantidas, afirma o dirigente, a mudança prejudicará os agricultores que fizeram investimentos em áreas irrigadas por pivô central para plantio da safra de milho e da safrinha de soja, no sistema de rotação. Konrad observa que a nova classificação adotada no Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) passou a considerar seis tipos de solo (AD1, AD2, AD3, AD4, AD5 e AD6) com base na disponibilidade hídrica, substituindo a metodologia anterior, que previa três tipos com base apenas no teor de argila. “(Isso) deu uma amplitude para o plantio em janeiro e fevereiro em todos os municípios”, destaca.
O calendário de semeadura busca reduzir a incidência da ferrugem asiática da soja e foi instituído como medida fitossanitária complementar ao período de vazio sanitário, que no Rio Grande do Sul vai de 3 de julho a 30 de setembro. Segundo o diretor executivo da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS), Sérgio Feltraco, na semana passada, a entidade recebeu um pedido do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para que informasse o número de propriedades e municípios gaúchos impactados pela mudança de prazos. “Uma coisa não justifica a outra. Não podemos conviver com apenas 100 dias de semeadura de soja no nosso calendário, dada a estrutura de produção”, afirmou.
Patrícia Feiten