Fetag aguarda mudanças nos governos em relação à agricultura familiar e destaca combate à fome

Fetag aguarda mudanças nos governos em relação à agricultura familiar e destaca combate à fome

Entidade apresentou demandas do setor nesta quinta-feira, em Porto Alegre, durante evento de final de ano


Nereida Vergara

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A agricultura familiar no Brasil e no Rio Grande do Sul viverá um novo momento a partir de 1º de janeiro, quando assumem o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o governador do Estado, Eduardo Leite. Tanto no Planalto, quanto no Piratini, a disposição dos governos eleitos é de trazer de volta pastas específicas para atendimento das demandas do segmento, a exemplo do antigo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR). As duas novas instância, segundo analisou nesta quinta-feira o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag/RS), Carlos Joel da Silva, devem mudar o escopo ou propiciar a criação de novas políticas para o setor agrícola responsável por 70% dos alimentos consumidos pela população brasileira.

De acordo com Joel, entre as mudanças esperadas estão os retornos do Plano Safra específico para a agricultura familiar (as verbas foram incluídas até o ciclo 2022/2024 no Plano Agrícola e Pecuário do Governo Federal) e do Plano Safra Estadual, que existiu até o governo de Tarso Genro e depois foi eliminado. O dirigente diz que faria uma grande diferença para o agricultor saber o aporte que governo do Estado estaria realmente capacitado a cada ano para subsidiar a produção. "Recursos como do Avançar RS poderiam ser usados para subsidiar linhas de crédito do governo federal e oportunizar ao agricultor financiamento com juro zero", exemplifica o vice presidente da federação, Eugênio Zanetti.

Entre as demandas para o próximo ano, a federação destacou  a necessidade de fortalecimento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com novos limites de enquadramento para os agricultores mais estruturados; ampliação do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA); reforço do Programa Nacional de Alimentação Escolar e incremento dos valores para contratação de seguro agrícola.

A entidade também manifestou preocupação com os índices de insegurança alimentar no Brasil e no Rio Grande do Sul, realçando o papel da agricultura familiar na mitigação da fome e da pobreza extrema. Dados do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil indicam que na Região Sul 51,8% da população estão em situação de segurança, 26,5% em insegurança leve, 11,8% em insegurança moderada e 9,9% em insegurança muito grave. "E nos chama a atenção que a fome chegou também ao meio rural, em quem deveria estar produzindo", complementa Joel.


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