"Futuro é a agricultura digital e do uso mais eficiente dos insumos agrícolas"

"Futuro é a agricultura digital e do uso mais eficiente dos insumos agrícolas"

Necessidade de expandir produção de alimentos foi alvo do diretor-presidente da SLC Agrícola, Aurélio Pavinato, na Federasul

Correio do Povo

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O diretor-presidente da SLC Agrícola, Aurélio Pavinato, falou nesta quarta-feira do Tá na Mesa, promovido pela Federasul, sobre produção e sustentabilidade do agronegócio no cenário mundial. Pavinato mostrou a evolução da agricultura brasileira e seu potencial de expansão, apresentou o case da empresa e enfocou em áreas estratégicas. ”O futuro é a agricultura digital e o uso mais eficiente dos insumos agrícolas, que se conecta com aumento da produtividade e a questão da sustentabilidade”, afirmou.

A SLC conta atualmente com 670 mil hectares cultivados com soja, milho e algodão, distribuídos por 22 fazendas em sete estados do Cerrado, incluindo ainda produção de sementes de soja e algodão e integração lavoura-pecuária com 40 mil cabeças de gado. A companhia faturou R$ 7,4 bihões em 2022 e conta com cerca de 4,3 mil colaboradores fixo e cerca de 1,6 mil safristas.

Pavinato argumentou que, ante o crescimento populacional no mundo e aumento da demanda por alimentos, o agro brasileiro tem a necessidade de expandir a produção e conseguirá isso utilizando intensamente a agricultura digital e de forma sustentável. Ele citou exemplos aplicados nas terras da SLC como, por exemplo, o levantamento de pragas e doenças com geração de mapa envia ao pulverizador, que faz aplicação localizada somente onde existe praga. “Outra tecnologia são imagens de satélite que conseguem medir a altura da planta, do algodão, por exemplo, e fazer aplicação localizada do regulador de crescimento somente onde mais precisa”, detalhou.

Também citou a aplicação seletiva, que é um sistema adaptado à vara do pulverizador, com luz infravermelha que vai lendo a superfície do terreno e abrindo os bicos de pulverização somente onde há ervas daninhas. O sistema foi possível com adaptação de tecnologias de mercado. “Para cada pulverizador, é investimento de R$ 1,3 milhão”, detalhou.

Conforme Pavinato, a adoção de tecnologias de mercado economizam de 70% a 80% de herbicidas, em um projeto iniciado há cinco anos. ““Este ano estamos economizando R$ 82 milhões em defensivos agrícolas através de aplicação localizadas e seletivas”, destacou.

Pavinato apresentou o case da governança estruturada da SLC, detalhando aspectos social e ambiental, principalmente na parte de educação. “É um pilar fundamental para a gente pensar em evolução e eficiência ter um time mais preparado e qualificado”, disse. Ele disse que a empresa tem dentro das fazendas 446 funcionários cursando ensinos Fundamental e Médio. “Já formamos, nos últimos cinco anos, 176 colegas, e tem gente já fazendo faculdade”, detalhou.

O pilar estratégico da companhia é ser líder e protagonista em práticas sustentáveis, procurando ser exemplo a ser seguido pelo setor. “O Brasil hoje é referência no mundo em termos de produção, mas não tem esse reconhecimento em termos de produção sustentável e nós temos espaço para construirmos essa referência”, analisou. Outro case apresentado na reunião-almoço na área da economia circular, com o caso de uma fazenda em Goiás onde tudo é reciclado. Pavinato também falou sobre investimentos em pesquisa para ajuste do pacote tecnológico dos plantios. Para cada um das 22 fazendas existe uma área para pesquisa, para testes de variedades de cultivares, população de plantas, resposta a dose de nutrientes, manejo de solo. “Temos experimentos ao longo de 30 anos, coisa que muitos institutos de pesquisa e universidades não têm”, comparou. Ao todo, a empresa destina 1,3 mil hectares para pesquisas e conta com 64 profissionais na área. ““A lógica da nossa pesquisa é maximizar a eficiência do sistema, porque trabalhamos com commodities e temos de ser eficientes e fortes em produtividade e custo de produção”, salientou.

O presidente da SLC lembrou que o Brasil é reconhecido como grande produtor, mas que ainda ainda não é visto como um produtor sustentável. Atribuiu isso à comunicação ainda deficitária do setor, para mostrar o que faz e seu potencial, e à falta de ações ambientais do governo. “Grande parte dos desmatamentos é ilegal, e a falta de falta de atuação para combater desmatamento prejudica a imagem do setor”, sublinhou. “Uma ação forte do governo combatendo o desmatamento ilegal e zerando resolveria em 90% os desmatamentos do Brasil e para a imagem do Brasil seria fantástico.”

Pavinato disse que a SLC Agrícola decidiu não expandir suas operações em áreas desmatadas após o mês de agosto de 2021. “Fechamos o ciclo de expansão em cima de áreas que tinham vegetação nativa e agora somente o faremos em áreas maduras ou áreas de pastagem”, afirmou. A decisão se antecipou à nova legislação européia, que vai restringir aquisição de produtos em áreas desmatadas.


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