Manifesto da Apil em defesa da cadeia brasileira de lácteos critica concorrência desleal no Mercosul

Manifesto da Apil em defesa da cadeia brasileira de lácteos critica concorrência desleal no Mercosul

Entidade reúne 40 pequenos e médios laticínios do Rio Grande do Sul e 7 mil famílias produtoras

Correio do Povo

Crise leva produtores a abandonar a atividade e colapsa indústrias

publicidade

A Associação das Pequenas e Médias Indústrias de Laticínios do Rio Grande do Sul (Apil), que congrega 40 laticínios e 43 associados, tendo em seus registros cerca de 7 mil famílias produtoras de leite que fornecem matéria-prima para a produção de 60% do queijo industrializado no Estado, divulgou manifesto assinado pelo presidente, Humberto Brustolin, em relação à crise na cadeia láctea, agravado pelo intenso volume das importações.

“A presente crise enfrentada pelo setor lácteo, é sem precedentes. Desde a criação da Apil (há 22 anos), não havia presenciado tal cenário de insegurança e com período tão longo, o que está afetando grandemente as pequenas e médias indústrias lácteas em nosso Estado”, afirmou. Conforme a Apil, as altas importações fazem com que as empresas tenham que baixar o preço da matéria-prima, colocando em dificuldade também os produtores de leite. A entidade reclama que Argentina e Uruguai montaram programas de estímulos e benefícios aos produtores locais, favorecendo a produção com custos menores com vantagens competitivas. “O governo brasileiro diz não poder fazer nada em respeito ao tratado do Mercosul”, criticou.

A Apil informou que a Argentina criou bonificações e recentemente suspendeu a taxa de retenção aos exportadores de produtos lácteos até o final do ano. Já no Uruguai, conforme a Apil, foi criado programa de refinanciamento dos créditos pendentes dos produtores e das indústrias de laticínios, com dois anos de carência e mais 13 anos para o pagamento. “Isso no mínimo é uma concorrência desleal, que fragiliza os produtores e as pequenas indústrias brasileiras”, diz a entidade no manifesto.

Ilusão para o consumidor

A associação observa que produtores deixam a atividade e indústrias entram em colapso e fecham as portas. “O que parece ser bom para o consumidor é apenas uma ilusão, pois, ao final, a cadeia láctea desestruturada e o produtor sem condições de reagir, acarretando numa forte elevação nos preços dos produtos lácteos, ficando o consumidor e principalmente, o governo brasileiro vulnerável ao mercado internacional.” 

A Apil defendeu que todos os elos da cadeia estejam comprometidos e unam forças para construir uma nova política nacional, mais competitiva e rentável. E pontuou que os governos tomem medidas de contenção das importações e criem programas de Estado para preservar produtores e pequenas indústrias e mecanismos de proteção dos elos mais vulneráveis, considerando a produção leiteira uma questão de segurança pública.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895