Na expectativa pela volta do La Niña

Na expectativa pela volta do La Niña

Fenômeno que marca o resfriamento das águas do Pacífico deve retornar no segundo semestre

Itamar Pelizzaro

Plantação afetada por geada, em Passo Fundo

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Depois da primavera de 2023 e parte do verão fortemente influenciados pelo fenômeno El Niño, o Rio Grande do Sul deve viver meses de trégua das chuvas extremas, vendavais e enchentes, embora precipitações, ventos e queda de granizo ainda devam ocorrer, com distribuição heterogênea pelo Estado. Este enfraquecimento, entretanto, gera entre os produtores rurais gaúchos a expectativa da volta do La Niña para o segundo semestre de 2024. O La Niña, ao contrário do El Niño, tem seus eventos climáticos relacionados ao resfriamento acima do normal das águas do Oceano Pacífico.

Conforme a meteorologista Estael Sias, da MetSul, o pico do El Niño ocorreu em novembro do ano passado, quando a temperatura na parte central do Oceano Pacífico Equatorial chegou a 2,1°C. O dado mais recente analisado pelos meteorologistas, da última semana de janeiro, mostrou que a temperatura do oceano já havia caído para 1,7°C° na região. Com isso, Estael projeta que com o fim do El Niño e o início do período de transição e neutralidade da temperatura, próxima da média, haja provável início de resfriamento do mar entre o final do outono e a chegada dos meses de inverno.

A meteorologista diz que os modelos projetam enfraquecimento semanal do fenômeno ainda em curso, podendo atingir a situação de neutralidade em meados do outono. “Esse resfriamento pode começar um pouco antes. Para decretar La Nina, que é um fenômeno acoplado, que começa no oceano e depois impacta a atmosfera, isso leva algumas semanas e muito provavelmente isso vai acontecer no segundo semestre de 2024”, analisa.

Estael Sias pontua que 2023 começou com La Niña e teve El Niño a partir de julho. “Já 2024, começa com El Niño e, provavelmente, no segundo semestre devemos ter La Niña se instalando e impactando o clima no Rio Grande do Sul”, projeta. Segundo a meteorologista, a ocorrência de La Niña entre o final do inverno e início da primavera pode potencializar as baixas temperaturas e proporcionar a ocorrência de geadas tardia. “Estamos no campo da especulação, precisa (o fenômeno) se instalar primeiro para avaliar a intensidade”, pondera a meteorologista.

O La Niña impacta os regimes de temperatura e chuva em várias partes do planeta, incluindo a América do Sul. De acordo Estael, a próxima primavera e verão não tendem a ser tão chuvosos como foram em 2023, mas não está afastada a possibilidade de temporais com queda de granizo, por exemplo.

O boletim agrometeorológico integrado, divulgado no final da semana pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), em parceria com a Emater/RS-Ascar e o Irga, indica tempo quente para esta semana, com temperaturas que devem exceder os 35°C na maioria das áreas e devem se aproximar de 40°C em algumas regiões. Os volumes esperados de chuva deverão oscilar entre 10 e 20 milímetros na maioria das regiões e apenas nas áreas Norte e Nordeste são previstos totais entre 20 e 35 milímetros.


Correio do Povo
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