Onda de calor extremo modifica rotina no campo

Onda de calor extremo modifica rotina no campo

Com previsão de altas temperaturas no final de semana, produtores alteram manejo de cultivos e de animais para garantir produtividade

Itamar Pelizzaro

Produtor deve escolher os horários mais frescos do dia para alimentar os animais sensíveis ao calor

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Sombra, água fresca e protetor solar. Parece uma lista de itens para levar à praia, mas são ingredientes importantes para manter a produtividade agropecuária em meio à onda de calor que assola o Estado e pode ultrapassar 40ºC em algumas regiões neste final de semana.

“O estresse calórico leva à redução do consumo de alimentos e, consequentemente, à redução no desempenho, quando não à morte dos animais”, alerta o vice-presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Rio Grande do Sul (SIMVETRS), Jean Carlos dos Reis Soares, coordenador do curso de Medicina Veterinária da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra).

Tanto nos cultivos quanto nas criações o estresse calórico exige manejos capazes de dissipar o calor, garantir conforto e bem-estar aos animais e assegurar seu desempenho produtivo, especialmente entre as espécies mais sensíveis, como aves e suínos.

Para garantir o ciclo produtivo e evitar perdas, Soares se apoia na bioclimatologia, que estuda alternativas e meios para minimizar efeitos do calor e do frio, para sugerir que os produtores promovam ambientes focados no bem-estar animal.

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Nas instalações de suínos, por exemplo, é importante fornecer água em quantidade e qualidade, manter a ventilação e, se possível, molhar os animais para dissipar o calor. “A combinação de água e ventilação acaba ajudando na perda de calor corporal e na redução do estresse calórico”, diz Soares.

O fiscal estadual agropecuário Richard Alves lembra que o uso de ventiladores eleva o consumo de energia nas propriedades rurais, que podem, inclusive, sofrer interrupções no fornecimento em momentos de pico de consumo. “O maior problema é que as redes elétricas do interior não são capazes de suportar a demanda”, alerta. Para driblar esse tipo de problema, o profissional indica a adoção de equipamentos de segurança, como os geradores. “Algumas horas sem energia são suficientes para causar perdas no plantel”, ressalta Alves.

Outras alternativas envolvem a instalação de climatizadores em galpões, que têm maior custo, mas garantem temperatura controlada o ano todo. Também ajudam a repelir o calor a construção das estruturas com pé direito alto, a pintura do telhado dos galpões de branco e a instalação de telhas e mantas térmicas. Ainda há o sombreamento com árvores ou estruturas artificiais, além do plantio de vegetais nos telhados, alternativa que, em longo prazo, evita a incidência direta da radiação solar.

Na área da nutrição, sugere-se uma dieta balanceada e menos calórica, além da escolha de horários mais frescos para alimentar os animais. Na criação de aves, Alves alerta para a importância de ter melhor higienização e de substituir mais frequentemente a cama do aviário.

Protetor solar nas frutas

Nas hortas e nos pomares, o calor extremo tem impacto imediato em folhosas, conforme o engenheiro agrônomo Léo Omar Duarte Marques, da gerência técnica da Centrais de Abastecimento do RS (Ceasa/RS). Uma alternativa encontrada por alguns produtores do Litoral é transferir a produção para regiões serranas em busca de clima mais ameno nesta época.

Para evitar a escaldadura nos pomares, os fruticultores têm buscado apoio de um produto similar ao utilizado por veranistas para protegerem-se da radiação solar. “Temos cada vez mais produtores utilizando os protetores solares de frutas e empresas investindo nisso”, afirma Marques. Os protetores solares para folhas e frutos buscam garantir o planejamento produtivo e reduzir as perdas causadas pelo calor.

Um fabricante informa que seu produto, a exemplo dos demais, cria uma camada física que não interfere na fisiologia da planta, protegendo-a contra a escaldadura e reduzindo o estresse térmico. Conforme Marques, os protetores solares são mais utilizados em cultivos de melancia e maçã.


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