Países latino-americanos pedem intensificação de medidas contra gripe aviária

Países latino-americanos pedem intensificação de medidas contra gripe aviária

Líderes de associações do setor da avicultura de diferentes países se reuniram em Atlanta, nos EUA

Camila Pessôa

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Os países latinoamericanos pediram atenção às medidas de biosseguridade para controlar a gripe aviária em países em que a doença já está presente e evitar sua entrada em países que se mantém livres dela. Líderes do setor em países da América do Sul, América Central e Caribe debateram sobre o assunto em reunião da Associação Latinoamericana de Avicultura (ALA) no International Production & Processing Expo (IPPE), um dos maiores eventos internacionais de avicultura no mundo, que ocorreu entre os dias 24 e 26 de janeiro em Atlanta, nos Estados Unidos. Além de ter causado crises na Europa, América do Norte e Ásia, a influenza aviária já foi motivo de surtos no Chile, Colômbia, Equador, Honduras, México, Panamá, Peru e Venezuela. 

Estratégias para conter a doença estão sendo adotadas em conjunto por países das américas para manter a prevenção e biosseguridade, para os que têm casos, com a função de enfrentar a doença e evitar que ela entre em outros países, e para os que não têm, com o objetivo de manter esse status. Entre as medidas reforçadas pela ALA estão não deixar que pessoas de fora entrem nas granjas e fazer sempre os testes o mais rápido possível, para que se possa identificar quando há casos e responder rapidamente, como relata o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, que estava presente no evento. 

“A gente trabalhou com ações conjuntas exatamente para buscar prevenção”, diz. Nesse sentido, as associações brasileiras mostraram a preparação que está sendo feita para evitar que a doença chegue e para agir caso seja detectada. “Passamos as experiências brasileiras de prevenção, já que o Brasil é um dos grandes produtores mundiais, que nunca teve influenza. Nós fizemos a nossa parte de ajudar os outros países a também manter essas estratégias de enfrentamento”, afirma. Ele também enfatiza que nenhuma das pessoas que compareceram ao evento vai voltar às suas atividades presenciais de imediato. “Ninguém que veio para cá volta para ter contato com frigoríficos dentro dos próximos 14 dias, vamos ficar de home office, uma prática que o Brasil adota há muito tempo e estamos adotando”, diz Santin. 

De acordo com o presidente da ABPA, no evento “todos os assuntos foram importantes, mas naturalmente a prevenção da gripe aviária é o mais importante”. O evento também abordou o desenvolvimento tecnológico, segundo ele. “Essa é uma das maiores feiras do mundo e o setor da avicultura está aqui trabalhando e buscando novidades e lançamentos para o processamento, especialmente. Mais de 700 brasileiros compareceram a essa feira. Por isso, inclusive, nós reforçamos uma mensagem a todos esses brasileiros: ao retornar ao Brasil lavem as roupas, desinfetem seus sapatos e fiquem num vazio sanitário de 14 dias sem contato com as granjas”, fala

Exemplo brasileiro

O responsável pela granja Nienow, Jairo Nienow, relata que a granja foi fechada para todas as visitas de pessoas que não trabalham na propriedade e todos os aviários foram telados. A granja também está adotando procedimentos de desinfecção de veículos. Ele avalia que as medidas que podiam ser tomadas pelos órgãos competentes foram tomadas e agora é questão de os avicultores fazerem sua parte. 

Ele relata que a granja recebe informações, recomendações e cartilhas através do ministério e da Asgav. “Todo mundo sabe da importância das medidas de seguridade, porque se isso chegar no Brasil vai ser realmente muito difícil, muito complicado. Mas eu acredito que estamos bem organizados e vamos torcer, vamos se cuidar para continuarmos livres da doença”, diz. Ao mesmo tempo ele acredita que a vantagem de estarmos num país livre de gripe aviária pode contribuir para os produtores.


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