Preços do boi gordo mostram reação no RS

Preços do boi gordo mostram reação no RS

Menor quantidade de animais em pastagens e melhora no consumo de carne bovina impulsionam recuperação

Patrícia Feiten

publicidade

Na contramão da queda de preços verificada em outras regiões produtoras, como o centro do país e o estado de São Paulo, as cotações do boi gordo no Rio Grande do Sul já mostram uma pequena reação. De acordo com levantamento do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), o valor médio do quilo vivo no Estado chegou a R$ 10,17 na última quarta-feira (14), um avanço de 2,09% frente à pesquisa da semana anterior.

Uma das razões para o aumento, segundo o professor Júlio Barcellos, coordenador do NESPro, é a menor quantidade de animais em pastagens de inverno, um reflexo da expansão do cultivo de trigo no Estado neste ano. “Teríamos uma avalanche de gado oriundo das lavouras de inverno, e a tendência era o preço diminuir. No entanto, isso não se concretizou, porque houve uma leve recuperação da economia no Rio Grande do Sul e um leve aumento no consumo”, diz Barcellos.

Na Região Central do país, onde a arroba de 15 quilos está abaixo de R$ 300, a queda de preços é explicada pelo fato de haver apenas três plantas frigoríficas habilitadas à exportação de carne para a China, dos grupos JBS, Marfrig e Minerva. Segundo Barcellos, essas indústrias estão priorizando, em outras unidades, o abate de bovinos com idade inferior a 30 meses para o mercado interno, o que derrubou os preços. Também pesa nessa tendência a retração do consumo de carne bovina, em razão da perda de renda da população brasileira. “Além disso, em praticamente todo o Brasil, começa o plantio das safras de verão. Temos muito gado indo para abate”, destaca Barcellos.

Para o professor, o cenário atual traz perspectivas positivas aos negócios na temporada de feiras e remates de primavera no Estado, com um aumento esperado de 3% a 5% nas médias alcançadas na comercialização de machos. Apesar de os preços do terneiro apresentarem ágio menor em relação à cotação do boi gordo, o gado de reposição é visto como um investimento. “A busca por animais de melhor qualidade genética, para viabilizar o cruzamento e aumento de produtividade, praticamente neutraliza qualquer tendência de arrefecimento no mercado da cria”, avalia Barcellos.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895