Setor lácteo aguarda definições do governo federal

Setor lácteo aguarda definições do governo federal

O segmento aguarda que o Mapa articule reunião interministerial com a Casa Civil para tratar de medidas contra a importação de lácteos do Mercosul

Itamar Pelizzaro

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O setor lácteo nacional está em compasso de espera por alguma ação ou indicativo do governo federal em relação à importação de lácteos do Mercosul. Conforme o primeiro vice-presidente da Comissão Nacional de Leite da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), Jônadan Ma, agendas programadas para ocorrer na semana passada acabaram suspensas pelo governo federal, pois os ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa) e Desenvolvimento Agrário e Agricultura (MDA) estavam envolvidos com a divulgação do Plano Safra para os segmentos empresarial e familiar. 

“As importações estão num ritmo totalmente exacerbado, batendo recordes mês a mês, semana a semana, e não tem como continuar desta forma”, disse Jônadan. A expectativa do setor era que as articulações federais ocorressem até o final de junho, o que acabou sendo frustrado. “Pedimos uma posição mais clara do governo para que medidas que possam ser adotadas no curto prazo, em até 90 dias, o que já compromete o setor”, alerta. Para esta semana, o grupo aguarda confirmação de agenda com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. “Temos que ter medidas imediatas para frear essas importações e espero conseguir agenda e alguma coisa por parte do governo nesta semana”, completou.

O segmento aguarda que o Mapa articule reunião interministerial com a Casa Civil para tratar de medidas contra a importação de lácteos do Mercosul. A informação foi passada há duas semanas a entidades do setor. A CNA também espera que o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) edite portaria que exclui o uso de leite importado na merenda escolar. Há duas semanas, o ministro Paulo Teixeira se comprometeu com o governo gaúcho a encampar a batalha junto à Câmara de Comércio Exterior (Camex), para incluir a taxação de produtos importados.

Há pressa no setor para estancar a crescente entrada de produtos do Uruguai e da Argentina. “Precisamos saber quem no governo vai nos ajudar, quando isso vai acontecer, como será feito, e o que isso vai custar aos produtores e a toda a cadeia láctea”, afirmou Ma. “É uma situação muito séria e esperamos ter, não digo solução, mas alguma direção, um alívio para essa situação drástica que o setor está vivendo.” 

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), disponibilizados pela plataforma Comex Stat, a importação de leite em pó, creme de leite e laticínios do Mercosul bateu recorde de janeiro a maio deste ano. No período, o Brasil importou o equivalente a 350,5 milhões de dólares, refletindo uma alta de 292,8% no volume em relação aos primeiros cinco meses de 2022. A Argentina é a maior fonte dos produtos (56%), seguida pelo Uruguai (34%), país que, sozinho, acumulou alta de 497,7% nas compras brasileiras realizadas nos primeiros cinco meses de 2023.


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