Dezenas de consultores técnicos de cooperativas agropecuárias gaúchas foram treinados e capacitados para diagnosticar a qualidade do solo e recomendar boas práticas de manejo. Promovido pela Rede Técnica Cooperativa (RTC), formada por cooperativas associadas da CCGL, e pela Embrapa, o evento ocorreu na CCGL, em Cruz Alta, e envolveu palestras e prática para 140 técnicos em torno do projeto Operação 365. O grupo se soma a outros 80 profissionais qualificados em março e forma uma força técnica com foco na melhoria da qualidade do solo e na sustentabilidade do sistema de produção o ano todo. A programação integra o projeto Operação 365, da RTC.
“A Operação 365 nada mais é do que usar o conhecimento que já existe sobre manejo e biologia de solo para fazer manejo, que será avaliado e medido, e orientar os produtores no sentido de aumentar a infiltração da água da chuva, minimizando as perdas”, disse o presidente da CCGL e Cotrijuc, Caio Vianna. Conforme o dirigente, boas práticas de manejo permitirão aumentar a profundidade e o perfil de exploração do solo pelas plantas. “Com isso, acreditamos que tenhamos mais de 50% de incremento de produtividade, sem aumento de custos, gerando mais eficiência e produtividade no Rio Grande do Sul”, afirmou.
A RTC envolve 29 cooperativas associadas da CCGL e um público de 170 mil sócios. Conforme o gerente da RTC, Geomar Corassa, a qualificação de pessoal faz parte de um conjunto de estratégias do projeto Operação 365. “Estes técnicos agora estarão aptos a fazer a avaliação junto aos produtores para diagnosticar os talhões e estabelecer um índice de qualidade de manejo”, afirmou Corassa. Os dados coletados a campo devem ser incorporados à base de dados da plataforma digital SmartCoop. “Com isso, imaginamos poder diferenciar os produtores que fazem bom manejo e já preparar essa temática de sustentabilidade na agricultura pensando no futuro e no mercado de carbono.”
Gases de efeito estufa
Caio Vianna ressalta que as informações de campo ainda poderão ser usadas pelo sistema financeiro e de seguros para baixar custos aos agricultores. “Vamos caminhando para uma agricultura sustentável, pensando em certificação de processos produtivos com carbono neutro ou até mesmo carbono negativo, agregando e buscando valores referentes à produção de alimentos custos menores, com melhoria das condições ambientais e redução na emissão de gases de efeito estufa”, destacou.
O chefe-geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemanski, ressaltou que o solo é o maior patrimônio de um país e que a ciência desenvolveu formas de manejá-lo com boas práticas agronômicas, como plantio em nível ou contorno, de alto impacto e baixo custo. Conforme Lemanski, a cobertura do solo com plantas é um dos maiores propósitos da Operação 365, que trata do manejo da conservação do solo e da água. “O objetivo é segurar a água que cai dentro da lavoura e reduzir os riscos de quebra de safra em anos de estiagem e entregar melhores resultados em anos bons”, resumiu.
Conforme Lemanski, os consultores técnicos poderão fazer diagnósticos físico-químicos, identificar aspectos de compactação e adensamento do solo que limitam melhores resultados agrícolas e dar recomendações para estabelecer as melhores condições para obter produtividade, com genética adequada e manejo eficiente. “A Operação 365 tem claro este aspecto de manejar o solo com plantas cujas raízes vão estruturar o solo, permitindo maior reservação de água”, destacou.
Itamar Pelizzaro