Mais do que evitar doenças graves, a vacinação também é considerada um investimento na qualidade de vida, na longevidade e no bem-estar. E entre os países que estão na vanguarda, o Brasil tem destaque com um dos calendários mais completos do mundo, oferecendo vacinas gratuitas para todas as faixas etárias, com cobertura que vai da gestação à terceira idade.
Este privilégio ofertado aos brasileiros fez com que, durante os últimos 50 anos, avanços considerados extraordinários fossem conquistados. “Graças à vacinação, conseguimos erradicar a varíola, eliminar a poliomielite, o sarampo, o tétano neonatal e a rubéola congênita, conquistas que emocionam qualquer profissional de saúde. Hoje, contamos com um dos calendários gratuitos mais completos do mundo, e isso exige que sigamos estimulando as famílias a manterem a rotina vacinal e participarem também das campanhas sazonais”, afirma o pediatra Juarez Cunha, membro da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
A proteção começa antes mesmo do nascimento. Ao atualizar o cartão vacinal no pré-natal, a gestante garante defesas que passam ao bebê pela placenta e pela amamentação. A lista inclui imunizantes como hepatite B, dT (difteria e tétano), influenza, covid-19 e dTpa, este último essencial para proteger contra coqueluche.
Ao longo dos anos, o país passou de um calendário básico, com poucas imunizações, para a proteção contra 19 doenças na infância. Aos poucos, a criança vai construindo sua própria imunidade com doses aplicadas desde a maternidade. O calendário inclui vacinas contra tuberculose (BCG), hepatite B, poliomielite, rotavírus, meningite, pneumococo, entre outras.
Entre 9 e 14 anos, meninos e meninas devem receber a vacina contra o HPV, fundamental para prevenir cânceres relacionados ao vírus. Outras doses importantes incluem meningocócica ACWY, hepatite B, tríplice viral e reforços contra difteria e tétano.
Mesmo com a vida adulta consolidada, manter a caderneta atualizada continua sendo essencial. A lista inclui reforços de hepatite B, tríplice viral, dT e febre amarela, além de varicela e pneumococo em situações específicas.
Após os 60 anos, vacinar-se também é sinônimo de qualidade de vida. Os idosos devem receber doses anuais contra influenza, vacinas contra pneumococo, hepatite B, dT e covid-19 a cada seis meses.
Desafio está em garantir a adesão
Apesar de ter um calendário completo, o Ministério da Saúde tem o desafio de garantir a adesão por parte da população brasileira, para que doenças que eram consideradas controladas não voltem a preocupar. “O grande desafio atual em relação às vacinas é elevar as taxas de imunização das crianças. A polêmica gerada em torno das vacinas contra a COVID-19 acabou impactando negativamente a confiança em outros imunizantes, reduzindo a procura de maneira geral”, ressalta o médico Benjamin Roitman, que integra a diretoria da SPRS e é conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers).
Para Roitman, é essencial que famílias e instituições de ensino dialoguem e estimulem a ida de crianças e adolescentes aos postos de vacinação. “Cabe à SPRS orientar a população, reforçar os riscos da não vacinação e combater informações falsas que circulam sobre o tema. Também é responsabilidade de cada pediatra revisar regularmente a carteira vacinal e recomendar a atualização das doses necessárias”, destaca.
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Adesão de vacina contra a gripe ficou abaixo do esperado
Em Porto Alegre, dados mais recentes da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) mostram que a adesão à vacina contra a gripe em 2025 ficou abaixo do esperado. A adesão foi de apenas 32,25% entre as gestantes e de 51,55% em crianças. O público com maior percentual de cobertura vacinal alcançado foi o de idosos, que chegou a 63,33% entre idosos.
Segundo a prefeitura, a maior resistência à imunização se dá entre os adolescentes e gestantes, enquanto crianças e idosos tendem a se vacinar mais. A meta do Ministério da Saúde era imunizar pelo menos 90% das pessoas dos grupos com maior risco e complicações pelos vírus influenza, causadores da gripe.
Na Capital, todas as unidades de saúde aplicam os imunizantes, com exceção da BCG e da covid-19, disponíveis em locais de referência. Conforme a SMS, a medida se dá por conta do abastecimento reduzido.
Entre as ações para que a cobertura vacinal aumente, a prefeitura mantém horários estendidos em alguns postos, vacinação em creches, escolas e também campanhas de mobilização, como os “dias D”. Para a população, a recomendação é simples: basta procurar a unidade mais próxima, apresentar a caderneta e atualizar as doses necessárias.
Confira o Calendário Nacional de Vacinação completo
Vacinas da Gestante (e seu bebê que vai nascer)
Agendar ao saber da gravidez
- hepatite B - três doses, conforme histórico vacinal – previne hepatites B e D;
- dT - três doses, conforme histórico vacinal – previne difteria e tétano;
- influenza trivalente - uma dose por temporada -previne influenza ou gripe;
- covid-19 - uma dose a cada gestação – previne formas graves da covid-19 e óbitos causados pelo SARS-CoV-2;
- dTpa - uma dose a partir da 20ª semana gestacional, em cada gestação - previne difteria, tétano e coqueluche;
- febre amarela - uma dose, em casos excepcionais, conforme histórico vacinal – previne a febre amarela;
Vacinas da Criança
Ao nascer
- BCG - uma dose – previne formas graves e disseminadas da tuberculose e, também, com efeito protetor contra a hanseníase;
- hepatite B - uma dose – previne hepatite B e D.
2 meses
- penta (DTP+Hib+HB) - 1ª dose – previne difteria, tétano, coqueluche, infecções pelo H. influenzae tipo b e hepatite B;
- poliomielite inativada VIP - 1ª dose - previne poliomielite ou paralisia infantil;
- pneumocócica 10-valente - 1ª dose – previne doenças pneumocócicas invasivas (pelos sorogrupos contidos na vacina).
3 meses
- meningocócica C - 1ª dose – previne doenças meningocócicas (meningite, encefalite, meningoencefalite) pelo meningococo tipo C.
4 meses
- penta (DTP+Hib+HB) - 2ª dose – previne difteria, tétano, coqueluche, infecções pelo H. influenzae tipo b e hepatite B;
- poliomielite inativada VIP - 2ª dose – previne difteria, tétano, coqueluche, infecções pelo H. influenzae tipo b e hepatite B;
- pneumocócica 10-valente - 2ª dose – previne doenças pneumocócicas invasivas (pelos sorogrupos contidos na vacina);
- rotavírus humano - 2ª dose – previne gastrenterite viral (diarréia, vômito)1.
5 meses
- meningocócica C - 2ª dose – previne doenças meningocócicas (meningite, encefalite, meningoencefalite) pelo meningococo tipo C;
6 meses
- penta (DTP+Hib+HB) - 3ª dose – previne difteria, tétano, coqueluche, infecções pelo H. influenzae tipo b e hepatite B;
- poliomielite inativada VIP - 3ª dose – previne poliomielite ou paralisia infantil;
- influenza trivalente - 1ª dose – previne influenza (gripe);
- covid-19 - 1ª dose – previne formas graves da covid-19 e óbitos causados pelo SARS-CoV-2³.
6 a 8 meses
- febre amarela - uma dose, em casos excepcionais – previne febre amarela.
7 meses
- covid-19 - 2ª dose – previne formas graves da covid-19 e óbitos causados pelo SARS-CoV-2³;
Vacinas do Adolescente e do Jovem
9 a 14 anos
- HPV4 - uma dose (conforme histórico vacinal) – previne infecções pelo papilomavírus humano.
11 a 14 anos
- meningite meningocócica ACWY - uma dose – previne doenças meningocócicas (meningite, encefalite, meningoencefalite) por meningococos do tipo A, C, W, Y.
10 a 24 anos
- hepatite B - três doses, conforme histórico vacinal – previne hepatite B e hepatite D;
- dT - três doses, conforme histórico vacinal – previne difteria e tétano;
- febre amarela - uma dose, conforme histórico vacinal – previne febre amarela;
- tríplice viral SCR - duas doses, conforme histórico vacinal – previne sarampo, caxumba, rubéola e síndrome da rubéola congênita (futuramente, na gravidez);
- pneumocócica 23 - valente - duas doses (somente indígena, sem histórico vacinal com pneumo conjugada) – previne doenças pneumocócicas invasivas (pelos sorogrupos contidos na vacina);
- varicela - duas doses (somente indígena e trabalhador de saúde, sem histórico vacinal e sem histórico da doença) - previne varicela ou catapora.
Vacinas do Adulto
25 a 59 anos
- hepatite B - três doses, conforme histórico vacinal – previne hepatite B, hepatite D;
- dT - três doses, conforme histórico vacinal – previne difteria, tétano;
- febre amarela - uma dose, conforme histórico vacinal – previne febre amarela;
- tríplice viral SCR - conforme histórico vacinal até 29 anos, 2 doses entre 30 e 59 anos, uma dose - previne sarampo, caxumba, rubéola, síndrome da rubéola congênita (futuramente, na gravidez);
- pneumocócica 23-valente - duas doses (somente indígena, sem histórico vacinal com pneumo conjugada) – previne doenças pneumocócicas invasivas (pelos sorogrupos contidos na vacina);
- varicela - duas doses (somente indígena e trabalhador de saúde, sem histórico vacinal e sem histórico da doença) - previne varicela ou catapora.
Idosos
A partir dos 60 anos
- hepatite B – três doses - conforme histórico vacinal – previne hepatite B e hepatite D;
- dT - três doses - conforme histórico vacinal – previne difteria e tétano;
- febre amarela - uma dose, em casos excepcionais, conforme histórico vacinal – previne febre amarela;
- tríplice viral SCR - duas doses, conforme histórico vacinal (somente trabalhadores de saúde)- previne sarampo, caxumba e rubéola;
- pneumocócica 23-valente - duas doses (somente para idosos acamados e/ou institucionalizados, sem histórico vacinal, e povos indígenas sem histórico vacinal com pneumocócica conjugada) – previne doenças pneumocócicas invasivas (pelos sorogrupos contidos na vacina);
- varicela - duas doses (somente povos indígenas e trabalhadores de saúde, que não tiveram a doença e sem histórico vacinal) - varicela ou catapora;
- influenza trivalente - uma dose anual com a vacina da temporada - influenza ou gripe;
- covid-19 - uma dose semestral - formas graves da covid-19 e óbitos causados pelo vírus SARS-CoV-2.