Doença que matou piloto e namorada leva 3/4 de infectados à morte em São Paulo

Doença que matou piloto e namorada leva 3/4 de infectados à morte em São Paulo

Estado do Sudeste teve 62 casos de febre maculosa no último ano

AE

Doença ainda não foi confirmada como causa das mortes

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A febre maculosa, doença que levou à morte do piloto Douglas Costa, de 42 anos, acometeu 62 pessoas no Estado de São Paulo, em 2022. De todos os casos, 47 foram letais, número que não inclui as mortes de Costa e de sua namorada, a dentista Mariana Giordano, de 36, no dia 5 de junho. Os dois estavam com sintomas da doença.

A doença tem o carrapato-estrela como seu principal transmissor e seu índice de fatalidade é de 75%. De acordo com a Secretaria de Saúde de São Paulo, até março deste ano foram notificados dois casos e os dois resultaram em óbitos - letalidade de 100%. De acordo com especialistas, a infecção simultânea não é rara.

A confirmação da causa dos óbitos de Costa e Mariana ainda depende do resultado de exames que estão sendo feitos pelo Instituto Adolfo Lutz. O instituto recebeu nesta segunda-feira amostras recolhidas do corpo de Mariana, mas não tinha recebido até o fim da tarde o material recolhido de Costa.

Os exames vão pesquisar também se os pacientes contraíram dengue, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, ou leptospirose, que é adquirida no contato com a urina de ratos. "Assim que o processo for concluído, os resultados serão enviados ao Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do Estado."

Concentração

No Brasil, os casos de febre maculosa estão concentrados no Sudeste. De 1.216 registros de 2018 até março deste ano, 759 foram nos quatro Estados da região, liderada por São Paulo, com 386. Já os óbitos somaram 380 no País, sendo 342 no Sudeste e, desses, 219 em municípios paulistas, segundo dados do Ministério da Saúde. De acordo com o professor Matias Szabó, da Universidade Federal de Uberlândia (MG), especialista em carrapatos, o epicentro no País é a região de Campinas.

Nessa região do interior, foram registradas duas mortes por febre maculosa este ano, segundo o município. As vítimas, de 47 e 62 anos, residiam na região do distrito de Sousas. No ano passado, houve sete óbitos na cidade. Americana, na mesma região, entrou em emergência, em 2018, após registrar 11 mortes por febre maculosa. Reservas e parques onde viviam capivaras chegaram a ser interditados.

Em Jundiaí, onde foi registrado o óbito do piloto Douglas Costa, não houve registro de casos este ano. O Departamento de Meio Ambiente monitora as colônias de capivaras e orienta a população a ficar atenta no uso de áreas onde podem existir carrapatos.

Szabó disse que a infecção simultânea pela febre maculosa, como pode ter acontecido com o casal, não é caso raro. "A bactéria que causa a febre também é lesiva para o carrapato. É comum que muitos carrapatos suguem a mesma capivara e passem a transmitir em conjunto, como pequenas explosões de infecção. Se várias pessoas vão a esse lugar infestado, é provável que mais de uma seja contaminada. Temos casos de famílias inteiras que pegaram a doença." Ele ressalva que o caso paulista ainda depende de confirmação, embora seja uma suspeita plausível. "A doença é tratável com antibióticos específicos."


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