Final de ano e Covid-19: especialista aponta quais cuidados são necessários

Final de ano e Covid-19: especialista aponta quais cuidados são necessários

Casos tendem a aumentar nesta época do ano por conta das aglomerações

Lucas Elliel e Luiz Felipe Mello

As famílias que pretendem se reunir em locais mais fechados precisam manter uma certa ventilação para não colaborar para a propagação do vírus

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A pandemia de Covid-19 persiste e, com a proximidade do final de ano, os casos e mortes pela complicação tendem a crescer, conforme o virologista e professor da Feevale, Fernando Spilki. A temporada de festas e praia aumentam as aglomerações, um cenário ideal para a proliferação do coronavírus. Para evitar infecções indesejadas e afastamento familiar justamente nas datas comemorativas de dezembro, Spilki sugere alguns cuidados importantes para as celebrações de Natal e Ano Novo. Realização de eventos em locais arejados e testagem são algumas dessas precauções mencionadas por ele.

As reuniões familiares, realizadas para confraternizações de Natal e Ano Novo, são oportunidades para a propagação da Covid-19 e por isso virologista recomenda um cuidado especial com as pessoas mais velhas. "No núcleo familiar, é preciso ter mais atenção com os mais idosos que, mesmo quando vacinados, são o público mais suscetível ao vírus. Uma das dicas para essas festas é realizá-las, se possível, em um ambiente mais arejado. Os ambientes mais abertos são os mais adequados", diz.

Conforme Spilki, as famílias que pretendem se reunir em locais mais fechados precisam manter uma certa ventilação para não colaborar para a propagação do vírus. "Hoje em dia não pensamos mais em realizar uma festa com pessoas absolutamente distanciadas. No entanto, para quem for fazer um evento em um local mais fechado, a saída é tentar mantê-lo arejado, de preferência com ventilação natural ao invés daquela que vem do ar-condicionado", avisa.

Spilki salienta outro ponto que, na sua visão, tem sido negligenciado nos últimos meses é a questão da testagem. "Ah, mas aí as pessoas podem se perguntar: 'todos precisam se testar para ir à festa?' Não é isso que falo. Quero dizer que as pessoas precisam voltar a ter cuidados que estão abandonados. Hoje, a gente vê pessoas com tosse, espirro, coriza e elas têm menosprezado a hipótese daquilo ser Covid-19 ou até mesmo outra doença, como a gripe. O que eu prego é que as pessoas voltem a se testar quando estão com esses sintomas", argumenta.

O professor da Feevale ainda completa com o raciocínio destacando que as pessoas têm formas diferentes de lidar com sintomas por conta do organismo. "Se a gente se testa, de repente a gente toma mais cuidados. Se a pessoa não se testa e imagina que a sua doença é leve, ela pode se enganar porque aquilo pode ser Covid-19. A pessoa pode ser justamente aquela que responde melhor à doença, pode ser aquela que já está com todas as doses, enquanto outras que estão no mesmo ambiente não estão totalmente vacinadas", acrescenta.

Escolher eventos

Nas reuniões de final de ano é imprescindível estar atento à saúde dos familiares ou amigos a fim de evitar contratempos. "Se você sabe que alguém está tendo sintomas característicos da Covid-19, é bom evitar o contato com essa pessoa", reforça. "E a gente sabe que além das festas de Natal e Ano Novo há outras confraternizações, então por conta disso é importante que a pessoa busque fazer o teste, especialmente se sabe que teve contato com pessoas que positivaram. Além disso, levando em consideração que há ainda um grupo que não está com esquema vacinal completo, a gente recomenda que se busque a sua dose de reforço. Talvez este seja um elemento de proteção importante para as festas", completa.

Spilki ainda alerta para quem tem uma vida social muito ativa e não deseja faltar às festas de final de ano. "Há um surto de Covid-19 acontecendo, não há como esquecer disso. E nós somos muito demandados a estar em diversos locais no final do ano. Nessas horas, é preciso racionalizar, escolher os eventos dos quais irá participar. Talvez seja necessário priorizar as reuniões de família, quando for possível", sugere.

Cuidado também é importante nas praias

Em todos os espaços de convivência, Spilki defende que as pessoas tenham bom senso nas questões envolvendo saúde. Nas praias, a utilização ou não das máscaras varia. Se as pessoas de um grupo familiar, por exemplo, estiverem na areia, mas distantes de outros visitantes, os equipamentos podem não ser usados. Mas se há mistura com o restante dos veranistas, fica a recomendação do emprego dos equipamentos.  
Um ponto de desatenção por parte do público, segundo o virologista, é a ocupação de outros espaços após a praia. "Muitas vezes as pessoas até tomam cuidado na areia, mas depois vão para agências bancárias, que não costumam ser bem ventiladas e registram aglomerações. Neste e em casos semelhantes é sempre bom levar uma máscara", pontua.

Máscaras 

O Brasil e o Rio Grande do Sul já têm vivenciado aumento de casos e mortes por Covid-19. O RS, inclusive, é o quinto estado com mais óbitos no Brasil. Em razão da elevação, medidas antes suspensas, começaram a ganhar forma novamente. Uma delas é a obrigatoriedade da utilização de máscaras em aeroportos e aviões, que começou a vigorar ainda em novembro.

O uso da máscara segue sendo uma recomendação importante, segundo o Fernando Spilki. Para o virologista, todos precisam considerar que as famílias também são formadas por idosos e o item pode contribuir para evitar uma contaminação. "Se você tem uma pessoa que recém teve Covid-19, mas não se testou, é fundamental usar a máscara. O ideal é que se teste antes, mas em meio a tudo isso tem que ser levado em conta a presença de idosos extremos, que são aqueles com mais 80 anos ou os imunossuprimidos. Nessas horas o que sempre falo é: use o bom senso", coloca.

As máscaras também devem ser utilizadas no transporte público, pois há a permanência prolongada muitas vezes nos trajetos, e um grande contingente de público nos veículos é frequente. Na avaliação do especialista, a população não costuma fazer uma avaliação adequada sobre o seu bem-estar, fator considerado de risco. "Infelizmente é algo cultural, as pessoas vão trabalhar doentes e procuram seguir a vida com normalidade", lamenta. Em muitas empresas, conforme o especialista, o isolamento mínimo que vem sendo adotado após pegar Covid-19 é de cinco dias. "Esse prazo não é adequado, pois até o final desse período, a pessoa pode conter ainda altas cargas virais", acrescenta.

Vacinação salva

A vacinação é fundamental na pandemia para os quadros clínicos dos infectados não se tornarem mais preocupantes. Estar imunizado, segundo o especialista, é o primeiro passo que trará proteção contra o vírus. A imunização das crianças, em especial, deve ser uma das prioridades dos pais ou responsáveis. "Os estudos apontam que quanto mais cedo as pessoas serem vacinadas, mais elas estarão preparadas para reinfecções e variações da Covid-19 no futuro", enfatiza.

A mutação do coronavírus é um dos desafios constantes dos cientistas no combate à doença. Em novembro, a Anvisa aprovou o uso emergencial e temporário das vacinas bivalentes da Pfizer na população a partir dos 12 anos. Elas protegem contra as variantes da ômicron BA1 e BA4/BA5. Os imunizantes anteriores, ressalta o especialista, também são eficazes contra as subvariantes novas, mesmo que em menor nível, pois os estudiosos vão produzindo as vacinas já sabendo do comportamento variável do coronavírus.


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