“Foi um ano atípico, com muitos desafios”, afirma presidente do Cremers
Eduardo Neubarth Trindade faz balanço de 2024 e projeta metas para 2025

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As enchentes marcaram 2024 e ditaram desafios em 2024. População e entidades como o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) precisaram se reinventar na tentativa de mitigar os impactos da maior tragédia climática do Estado. Para o presidente Eduardo Neubarth Trindade, é necessário lembrar do ano que se encerra com um olhar de aprendizado.
“Vivemos, é claro, esta situação difícil, mas temos que lembrar dos legados que ficaram. Da corrente de solidariedade que se formou e do aprendizado para evitarmos novas tragédias”, destacou.
De acordo com o presidente, a partir das inundações o Conselho reforçou sua atuação social, com ações voltadas às comunidades atingidas e aos médicos. Trindade cita mais de 200 abrigos beneficiados com aproximadamente 100 toneladas de donativos, em trabalho que envolveu 500 voluntários. Também destaca entregas de medicamentos em 11 municípios isolados em decorrência dos fenômenos climáticos.
Neste legado apontado pelo dirigente do Cremers está a implantação da ferramenta digital de emissão de receituários azul e amarelo, com apoio do Conselho Regional de Farmácia (CRF-RS).
“Foi uma ação pioneira para possibilitar a continuidade do uso de medicamentos controlados por pacientes em áreas isoladas ou atingidas naquele período de calamidade”, afirma o presidente do Conselho.
Preocupado com o período posterior à calamidade, o Cremers ainda criou um grupo de trabalho para orientar de forma técnica e ética médicos e sociedade sobre prevenção e cuidados com doenças originadas pelas enchentes. Foram organizadas ações junto a equipes de saúde que atuam em abrigos para melhorar o atendimento a pessoas acolhidas.
Para 2025, Trindade reafirma o compromisso na defesa dos valores da entidade, que segundo ele são de interesse dos gaúchos. Cita, entre as bandeiras do Cremers, a cobrança e a fiscalização para evitar o que considera banalização dos cursos de medicina e o combate à terceirização na saúde.
“São grandes desafios. Temos que zelar para que o governo atue com rigor para impedir a banalização da abertura de vagas e os novos cursos de medicina. Temos 40 mil médicos para 11 milhões de habitantes no RS, densidade superior a muitos países da Europa e acima da recomendada pela Organização Mundial da Saúde. Não faltam médicos e a sociedade precisa entender o perigo que a falta de qualidade na formação do médico representa. Precisamos de hospitais, de estrutura e qualificação. O outro ponto é a terceirização da saúde, usada de forma indiscriminada por muitos municípios. Isso gera gasto, quando o gestor não está qualificado, médicos ficam sem receber, faltam insumos básicos e não há segurança jurídica para o profissional atender, os médicos não formam vínculo com sua população”.
Eduardo Neubarth Trindade finaliza afirmando que outro debate da atualidade que precisa ser feito pelo Conselho é a aplicação da Inteligência Artificial (IA) na medicina.
“Não buscamos combater, temos é que adequar o uso da IA como uma ferramenta que trará benefícios aos pacientes. Penso que será indispensável ao médico no futuro”, completa.