“Não vi nada igual”, diz coordenador dos resgates aéreos da Força Nacional do SUS que atuou nas enchentes no RS

“Não vi nada igual”, diz coordenador dos resgates aéreos da Força Nacional do SUS que atuou nas enchentes no RS

Médico que coordenou 40 pessoas durante as cheias esteve na abertura do Seminário Sul-Brasileiro de Urgência e Emergência, realizado durante a Prevensul, em Porto Alegre

Felipe Faleiro

Leonardo Gomes esteve no Rio Grande do Sul por 18 dias durante as cheias

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O coordenador nacional da equipe de aeromédicos, ou resgates aéreos, da Força Nacional do SUS durante as enchentes no Rio Grande do Sul, Leonardo Gomes, disse nesta quarta-feira que “nunca viu nada parecido” com a catástrofe gaúcha. A declaração foi dada antes da abertura do Seminário Sul-Brasileiro de Urgência e Emergência, realizado até esta quinta-feira, no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre.

O evento integra a programação da 20ª Feira e Seminário de Saúde, Segurança do Trabalho e Emergência (Prevensul), o maior do segmento no sul do Brasil, cuja programação vai até sexta-feira, com entrada gratuita das 13 às 20 horas, e palestras técnicas pela manhã. Conforme Gomes, os resgates aéreos foram feitos por 40 pessoas de 12 estados do país. “Havia muitas pessoas isoladas, enfermas, com dificuldade de acesso por carros e ambulâncias, e nesse momento o helicóptero e o avião fizeram a diferença pra salvar muitas vidas”, contou ele, que esteve no estado durante 18 dias.

“O que mais me marcou foi meu primeiro resgate que fiz entre Canoas e Porto Alegre. Tivemos de pousar com a aeronave em uma rodovia porque havia um senhor de idade que estava enfartando, e havia ainda uma fila de carros. Perguntei ao comandante da aeronave o que era aquilo, se a pista estava toda livre. E ele disse que eram famílias morando neles. E, para elas, só sobraram o carro, a esposa, o filho e o cachorrinho. E me dei conta do tamanho da tragédia. Tivemos de ser fortes”, relatou o profissional.

Também integrou a abertura a secretária estadual de Saúde, Arita Bergmann. Segundo ela, “de um modo geral, a rede hospitalar está restabelecida” no estado depois das enchentes, e que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi “marcante” para isto. “Ainda falta o Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC), que está se reorganizando para a retomada do atendimento. Mas a população está assistida através do Hospital Nossa Senhora das Graças. A rede básica está retomando gradualmente”, afirmou ela.

Arita ainda acrescentou que o governo do estado apoiou os locais afetados com recursos para pequenas reformas e compra de equipamentos para reabertura das unidades básicas afetadas. “Precisamos ainda registrar o apoio de muitas instituições, como o Sesi, que colocou à disposição 80 unidades básicas para suprir a falta de atendimento, especialmente nos locais mais atingidos”. Questionada sobre um prazo para retomada plena, a secretária afirmou que depende dos municípios.

Para o promotor da Prevensul, Alexandre Gusmão, a área de segurança no trabalho é mais tradicional no país, enquanto na emergência, “o movimento é mais recente”, reforçando que houve avanços na área de resgates e na atuação dos Bombeiros, inclusive voluntários, nos últimos anos. Ainda conforme ele, por volta de 15 mil pessoas são aguardadas nos três dias. “Não apenas técnicos podem conferir, mas qualquer pessoa que, por exemplo, precisará utilizar EPI em alguma obra ou reforma, pode aprender a utilizar e conversar com quem está neste mercado”, salientou ele.


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