Na contramão do RS, litoral norte tem somente sete casos confirmados de dengue

Na contramão do RS, litoral norte tem somente sete casos confirmados de dengue

Apesar do alto movimento de turistas, alguns fatores fazem com que a região não apresente comportamento crítico para a doença

Felipe Faleiro

Na contramão do RS, litoral norte tem somente sete casos confirmados de dengue

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Enquanto o Rio Grande do Sul sofre com as preocupações e os impactos da dengue, com 93,7% dos municípios infestados pelo mosquito Aedes aegypti, ou 466 dos 497, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), o litoral norte vive uma situação de relativa tranquilidade, de acordo com a 18ª Coordenadoria Regional de Saúde (18ª CRS), responsável por 23 municípios, entre Torres e Tavares, já no chamado litoral médio.

Nesta região, o comportamento do inseto transmissor não sofreu uma modificação tão grande quanto em outras em 2024, o que não significa que não haja uma situação de alerta neste começo de ano. “Tivemos sete casos confirmados de dengue em nossa área em janeiro, dos quais quatro foram autóctones, ou seja, contraídos no próprio município”, salientou a coordenadora-adjunta da 18ª CRS, Janete Ferri Teixeira. Ao todo, houve duas confirmações em Capão da Canoa, outras duas em Torres, o mesmo número em Santo Antônio da Patrulha e uma em Tramandaí.

Um dado que corrobora isto, prossegue ela, é o Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) feito em janeiro, que mostrou pouca presença das larvas e trouxe relativa tranquilidade aos gestores. Mas os dados da SES atualizados na última sexta-feira mostram que quase 70% das cidades da 18ª coordenadoria estavam infestadas, ou 16 das 23, enquanto pouco mais de 30% não apresentavam infestação – Caraá, Dom Pedro de Alcântara, Itati, Maquiné e Morrinhos do Sul são municípios de serra junto ao mar, e ainda Tavares é distante do agito do litoral norte.

“Levamos em consideração que recebemos mais de um milhão de pessoas, então são poucos os casos nesta comparação”, salientou ela, acrescentando que a infestação ocorre quando há a presença do Aedes aegypti em um território nos últimos 12 meses. Outro fator, conforme ela, é que os meses mais críticos para os casos de dengue no litoral são abril e maio, quando quase todos os veranistas já voltaram para suas cidades e as casas de praia ficam vazias, às vezes durante meses. “Isto, para nós, é um desafio”, diz Janete, Em dezembro e janeiro, as residências são ocupadas, tendo sido de forma geral limpas previamente, o que reduz a chance de criadouros.

A SES expediu, em 2016, uma portaria que regulamenta a permissão de entrada em prédios abandonados ou fechados para eliminação de possíveis locais de proliferação, porém, segundo a CRS, na prática ela isto não ocorre, em razão de “riscos jurídicos”. Portanto, há a dependência do morador ou dono da residência. Os efeitos da dengue também não foram sentidos na rede pública de saúde, diz Janete, ao menos por enquanto, mas a coordenadora-adjunta ressaltou que são feitas capacitações periódicas às equipes de emergência e atenção primária.

De qualquer forma, a coordenadoria do litoral norte deve começar a usar em breve, duas técnicas já presentes em outros locais para eliminação dos vetores: as ovitrampas, ou armadilhas de coleta do ovo do mosquito, e a borrifação residual intradomiciliar (BRI), técnica que ingressou no Rio Grande do Sul no começo de 2023 como um projeto-piloto, e consiste na aplicação de inseticida com poder residual em domicílios e locais de grande circulação, como escolas, centros comunitários e centros de saúde, a fim de eliminar o mosquito, que, além da dengue, transmite também a zika e a chikungunya, em si.

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