Prestadora de serviços médicos encerra contratos nas três UPAs de Canoas por atraso de pagamentos

Prestadora de serviços médicos encerra contratos nas três UPAs de Canoas por atraso de pagamentos

Ao menos 100 médicos poderão ficar sem postos de trabalho e o problema também afeta atendimentos em quatro Centros de Atendimento Psicossocial

Fernanda Bassôa

Unidades poderão ficar desassistidas até a regularização dos pagamentos

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Cerca de 100 médicos que atuam nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) na cidade de Canoas correm o risco de perder seus postos de trabalho, deixando as unidades desassistidas sem profissionais para atender a população que busca atendimentos de saúde nestes locais. De acordo com o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), a empresa responsável pelos serviços médicos decidiu rescindir o contrato com o Instituto Brasileiro de Saúde, Ensino, Pesquisa e Extensão para o Desenvolvimento Humano (Ibsaúde), que administra essas unidades.

O motivo é o constante atraso nos repasses de recursos para que a empresa possa quitar as remunerações dos profissionais e a falta de previsibilidade para regularizar a situação. O mesmo cenário se repete nos quatro Centros de Atenção Psicossocial (Caps) do município. "A falta de repasses já acendeu o sinal vermelho na saúde de Canoas, a exemplo do que vem acontecendo nos hospitais da cidade. Agora é a vez dos médicos das UPAs serem afetados e isso reflete, diretamente, na assistência à população. Vamos reunir os médicos em assembleia para que eles possam deliberar sobre o que poderá ser feito", afirma o presidente do Simers, Marcos Rovinski.

Ainda no início da noite de segunda-feira, a diarista de 38 anos (que não quis se identificar) esteve na UPA Niterói com fortes sintomas de dor no corpo e febre, mas saiu do local sem receber atendimento. "Informaram que não tinha médico e me orientaram a procurar uma unidade de saúde do bairro no dia seguinte. Achei até que era brincadeira, mas depois percebi que muita gente estava no local reclamando da mesma situação."

O Simers se reuniu com médicos das UPAs na semana passada, que relataram terem recebido em agosto a última remuneração integral. O Sindicato garante que cobrar um calendário para a quitação dos repasses. Um ofício será encaminhado ao Conselho Regional de Medicina (Cremers), Ministério Público e Prefeitura Municipal informando sobre a atual situação.

No Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC), desde a semana passada os médicos dão continuidade a uma mobilização, como forma de protesto, com suspensão dos atendimentos por cinco minutos a cada hora trabalhada devido ao atraso nos pagamentos. A mobilização não afeta o atendimento dos casos de urgência e emergência.

A prefeitura informou que Canoas é uma cidade referência em pronto atendimento no Rio Grande do Sul, com cinco UPAs, o maior número do estado. A situação que ocorre neste momento é pontual e se deve a questões envolvendo uma empresa terceirizada contratada pelo IB Saúde, entidade responsável pela gestão de quatro unidades de pronto atendimento na cidade. A administração esclarece que já notificou o IB Saúde para que seja encontrada uma solução para a complementação dos profissionais. A situação, segundo a entidade, deverá ser normalizada nesta quarta-feira, dia 20.

A prefeitura alerta que entrará com medidas jurídicas diante da interferência indevida de instituições de fora da cidade, que estão prejudicando a contratação de médicos, um ato considerado ilegal, já que existem decisões judiciais que garantem o pleno atendimento médico-hospitalar na cidade. Reforça, ainda, que vem realizando os pagamentos em dia ao IB Saúde desde abril, inclusive com aumento do repasse mensal. A pendência existente no momento, no valor de R$ 4.238.070,52, deve-se a repasses menores realizados entre os meses de janeiro a março deste ano.

Esse valor equivale a quase um mês do pagamento mensal feito à entidade. Valores pagos ao IB Saúde nos últimos meses: R$ 4.213.027,18 (agosto), R$ 4.164.816,30 (setembro) e R$ 4.574.150,77 (outubro). Neste momento, todas as UPAs estão com cobertura clínica. Em relação aos atendimentos pediátricos, que hoje só estão ocorrendo na UPA Caçapava, os casos mais graves são encaminhados à retaguarda pediátrica do Hospital Universitário, até que a situação seja normalizada.


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