Protestos e caminhadas marcam greve da enfermagem no Rio Grande do Sul

Protestos e caminhadas marcam greve da enfermagem no Rio Grande do Sul

Em Canoas, prefeito prometeu aos manifestantes o pagamento do piso, enquanto na Capital, ato será durante a visita de Lula

Felipe Faleiro

Em Canoas, mais de cem pessoas saíram da Prefeitura e foram rumo à Secretaria de Saúde

publicidade

A greve de técnicos e auxiliares de enfermagem no país gerou protestos nesta sexta-feira em Porto Alegre e Canoas, na região Metropolitana, além de Torres, Osório e Tramandaí, no Litoral Norte. Em Porto Alegre, piquetes foram montados junto a hospitais como a Santa Casa de Misericórdia, Moinhos de Vento e Vila Nova, e profissionais da área estiveram nas ruas reivindicando o pagamento do novo piso salarial. Em frente ao Hospital São Lucas da PUCRS, a mobilização ocorreu em uma sinaleira na avenida Ipiranga. 

Nos hospitais, são baixos os prejuízos aos atendimentos, já que houve remanejamento dos profissionais grevistas. Um ato deve ser realizado à tarde, próximo ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), durante a visita do presidente Lula à instituição. Organizada pelo Estado pelo Sindisaúde-RS, a mobilização tem a presença de bandeiras, apitos, gritos de ordem e pessoas vestindo roupas com o símbolo da enfermagem. A mobilização encerra oficialmente às 7h de amanhã, quando termina o prazo de 24 horas estipulado em assembleia das categorias na última segunda-feira. 

Em Canoas, um grupo de mais de cem pessoas saiu pela manhã em caminhada desde a Prefeitura até a sede da Secretaria Municipal de Saúde, na região central, onde o prefeito Jairo Jorge estava reunido com representantes da pasta. “A saúde pública está caótica, estão faltando funcionários, salários são muito baixos e a situação é precarizada. O governo tem obrigação moral de repassar as verbas para que elas cheguem ao município. Queremos apoio total do presidente da República ao piso da enfermagem”, salientou o diretor do Sindisaúde-RS, Arlindo Nelson Ritter, que estava em Canoas.

Diante do protesto em frente a secretaria, o prefeito saiu da sede e conversou com os manifestantes, sendo rodeado por eles assim que deixou o portão. “Determinei que a Fundação Municipal de Saúde (FMSC), que está sob minha guarda, a partir deste mês, a folha [de pagamento] está feita, mas a partir de sábado já vamos fazer o pagamento do piso”, afirmou Jorge, sob aplausos dos manifestantes. Ainda segundo ele, Canoas vai receber, a partir da distribuição de recursos para o piso, pouco mais de R$ 7 milhões. 

Caxias do Sul, com população 50% maior, deve receber R$ 18 milhões, mais do que o dobro, ainda conforme o prefeito canoense. “É um valor muito pequeno. Achamos que tem alguma coisa errada. Estamos vendo junto ao Ministério da Saúde. Ainda não recebemos nenhuma parcela. Deve vir em agosto duas parcelas juntas, é o que estimamos”, comentou Jorge. De acordo com o sindicato, exatamente 1.082 pessoas haviam feito uma indicação inicial de adesão à greve, e 1.035 confirmaram que cruzariam os braços, representando 95% deste total. 

O piso da enfermagem sancionado no ano passado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro é de R$ 4.750 para enfermeiros, R$ 70% deste valor para técnicos em enfermagem, correspondente a 70% do valor anterior, e R$ 2.375 a parteiras e auxiliares de enfermagem, ou 50% do salário dos primeiros profissionais. Já seu sucessor, o presidente Lula, confirmou a forma de distribuição dos recursos por seu sucessor. Porém, há um entrave jurídico em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF). O ato de hoje também coincide com o fim do prazo de votação no STF de como os R$ 7,3 bilhões autorizados por Lula seriam distribuídos, se de forma equânime entre os Estados ou regionalmente. 


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895