Quatro emergências em Porto Alegre operam com lotação de 300%

Quatro emergências em Porto Alegre operam com lotação de 300%

A unidade de pronto-atendimento Bom Jesus, o Hospital Santa Casa, o Instituto de Cardiologia e o Hospital São Lucas da PUCRS estão com ocupação três vezes acima de capacidade

Correio do Povo
A emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre está com 97 pacientes na emergência adulto, com 289% lotado

A emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre está com 97 pacientes na emergência adulto, com 289% lotado

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Todas as emergências de adultos em hospitais de alta complexidade e em unidades de pronto-atendimento de Porto Alegre amanheceram operando acima da capacidade nesta quinta-feira, e pelo menos três estão com o triplo de lotação: a unidade Bom Jesus (343%), o Hospital Santa Casa (311%), o Instituto de Cardiologia (320%) e o Hospital São Lucas da PUCRS (300%). A emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre está com 97 pacientes na emergência, com 289% lotado. O Conceição registra ocupação de 159%, enquanto o Hospital de Pronto Socorro 125%. Nos pronto-atendimentos, a unidade Moacyr Scliar, na zona Norte, está com o dobro, 253%. As unidades Cruzeiro do Sul e Lomba do Pinheiro registravam 148% e 133%, respectivamente. A maioria dos casos são respiratórios.

A Santa Casa de Porto Alegre, emergência hospitalar mais superlotada hoje, esclareceu em nota que a emergência SUS para atendimento adulto está com atendimento restrito a casos de máxima gravidade ou encaminhados pelos órgãos públicos de saúde diante do “absoluto risco assistencial que compromete a segurança dos pacientes”. A instituição ainda informou que considera a infraestrutura e a capacidade operacional do espaço que, nesta quinta-feira, conta com pelo menos 88 pacientes para 28 leitos contratualizados. A unidade pediátrica também opera acima da capacidade, com 186% de lotação.

Pico maior de lotação no Hospital de Clínicas

O Hospital de Clínicas está atendendo apenas a casos de risco de morte. Já a pediatria, que também está operando acima da capacidade, com 143% de lotação, atende apenas casos que se enquadram em perfil de alta complexidade.

Daniel Pedrollo, chefe da emergência, analisa que nesta semana houve um pico maior de lotação. “Anteriormente a gente vinha normalmente nesta superlotação habitual, mas não teve em nenhum dos períodos maior número de pacientes assim, que é quando a gente começa realmente a ficar em risco assistencial”, afirma.

Pedrollo diz que o inverno pode aumentar os casos respiratórios, mas nos hospitais de alta complexidade não é a demanda principal que acarreta a lotação. Esse cenário é mais influenciado em pacientes pediátricos.

“O que acontece é a nossa lotação habitual por uma carência de fluxo de leitos de internação que a gente tem no município, que não contemplam as necessidades que temos de internação na emergência, e isso acarreta com pacientes internados aguardando o leito na emergência”, explica o gestor. Os casos seguem primordialmente com pacientes oncológicos em primeiro lugar e casos respiratórios em segundo, e há também casos de doenças cardíacas. Ambos acarretam em um tempo maior de internação.

A demanda não tem, portanto, relação com a falta de atendimento. “A gente faz atendimentos, os pacientes têm indicação de internação hospitalar e procedimentos, tratamentos intra-hospitalares, e eles acabam ficando represados porque não têm o fluxo de leitos adequado em todo o município”, explica.

“A gente precisa de mais fluxos de leitos de média complexidade para desafogar os hospitais de alta complexidade, porque a gente tem muitos pacientes que vêm, ficam internados e logo depois fazem o que tem que ser feito nos seus procedimentos, que são no hospital terciário. Eles até poderiam seguir seu tratamento em um hospital de média complexidade ou no seu município de origem, mas ficam presos aqui, sem necessidade de toda essa estrutura”, explica Pedrollo. A necessidade é, portanto, um maior fluxo de saída para os pacientes internados em média complexidade após os tratamentos, sintetiza.

Hospitais privados

Entre os hospitais privados, o serviço de emergência adulto do Moinhos de Vento registou uma ocupação de 69,49% nesta manhã. De acordo com a instituição, a procura pelo atendimento de emergência “permanece dentro da normalidade, sem aumento expressivo de demanda”, e está adorando protocolos específicos para garantir a qualidade da assistência.

Entre eles, a ampliação da rede de atendimento conforme a classificação de risco, a priorização de pacientes graves, a integração com serviços de telemedicina para acompanhamento pós-alta e a disponibilização de exames e ambulatórios de baixa complexidade para os casos de menor gravidade. O hospital ainda orienta que a emergência seja procurada “apenas em situações de urgência, emergência ou alta complexidade”.

O hospital Mãe de Deus está com ocupação baixa, próxima de 10%, informou a instituição. Já o Hospital Ernesto Dornelles não informou a taxa de ocupação até o fechamento da reportagem.

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