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Hora de o RS avançar também no tratamento de resíduos oleosos

Eduardo Carvalho, Sócio e Diretor da Inove

Às vésperas da COP 30, que acontecerá no Brasil em 2025, o debate sobre o futuro sustentável ganha ainda mais relevância. No RS, falar em saneamento costuma remeter ao acesso à água potável e ao tratamento de esgoto, pautas inadiáveis. Porém, há outro gargalo ambiental que precisa de atenção: o tratamento de resíduos oleosos oriundos, principalmente, da atividade industrial.

Resíduos e efluentes oleosos são misturas complexas formadas por restos de óleos usados em diversos setores, como o automotivo, metalmecânico e industrial. Podem ser de origem vegetal, sintética ou mineral e normalmente estão combinados com água ou materiais sólidos. Sem o devido tratamento, representam grave risco ambiental, contaminando solos, cursos d’água e ameaçando a saúde da fauna, flora e da população humana.

Durante décadas, esse foi um dos principais passivos ambientais do RS. Empresas precisavam enviar parte significativa de seus efluentes oleosos para tratamento em SC, gerando custos adicionais e impactos logísticos. Estudo recente da Inove mostra que a má gestão desses resíduos pode custar até R$ 200 mil anuais por empresa, somando ineficiências, transporte e risco de multas ambientais.

Esse cenário começou a mudar em maio deste ano, com a entrada em operação da I9, em Estância Velha. Com investimento de R$ 6 milhões e capacidade de tratar até 600 mil litros por dia, a planta representa um salto de qualidade para o setor. Empresas já registram economia significativa: em uma operação média, a otimização pode reduzir R$ 62 por metro cúbico de efluente, chegando a mais de R$ 120 mil por ano.

O RS sempre foi pioneiro em políticas ambientais. Agora, precisa reforçar esse protagonismo, garantindo que o crescimento econômico ocorra em sintonia com a preservação. Portanto, atrair e fomentar operações como a da I9 colabora para um ambiente melhor de negócios que o RS tanto precisa.

Se a COP 30 será um palco para o mundo discutir sustentabilidade, o RS tem a oportunidade de mostrar que segue à frente, transformando gargalos históricos em soluções inovadoras.