Em busca do fim de um mal persistente

Em busca do fim de um mal persistente

No país, entre janeiro e novembro de 2023, foram diagnosticados pelo menos 19.219 novos casos de hanseníase. Ainda que preliminar, esse total já é 5% superior ao total de notificações do mesmo período de 2022.

Correio do Povo

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Com um histórico de danos físicos, de dor e de segregação, não obstante avanços ao longo do tempo, a hanseníase, infelizmente, continua entre nós. Popularmente conhecida como lepra, essa chaga, de acordo com o prestigiado dicionário Caudas Aulete, é uma “doença contagiosa, causada pelo bacilo de Hansen (Mycobacterium leprae), que provoca diversas feridas na pele e lesões em nervos periféricos”. No país, entre janeiro e novembro de 2023, foram diagnosticados pelo menos 19.219 novos casos de hanseníase. Ainda que preliminar, esse total já é 5% superior ao total de notificações do mesmo período de 2022, configurando um mal persistente que demanda atenção e políticas públicas visando sua erradicação.

Diante dessa realidade adversa, o Ministério da Saúde está anunciando um aporte de R$ 55 milhões para prevenção e tratamento da enfermidade. Segundo o órgão, 955 cidades serão prioritárias no mapa do enfrentamento à doença, classificados como de alta endemia por apresentarem mais de 10 casos por grupo de 100 mil habitantes. Tais municípios deverão investir os recursos em ações como a busca ativa para detecção de novos casos, aplicação de testes rápidos nos contatos de ocorrências registradas a partir de 2023, para rastreio de potenciais contaminados, e resgate de acometidos em situação de abandono. Nessa movimentação, incluem-se os procedimentos visando à produção e testagem de uma vacina nacional contra a hanseníase, a Lepvax, a primeira específica no mundo, fruto de uma parceria entre o MS e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

No Rio Grande do Sul, a minicidade fundada em Viamão, na Grande Porto Alegre, para abrigar as vítimas dessa patologia, o leprosário de Itapuã, na década de 40, deixou um legado que serve para alertar a todos que a melhor alternativa é investir mais na ciência, com empatia e humanidade. Para tanto, o financiamento de tratamentos e de novos fármacos, como os imunizantes, podem tornar a hanseníase um fato do passado. É o que se espera.


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