Item remodelado para a inclusão social

Item remodelado para a inclusão social

Muitas vezes, talvez nem precisem ser equipamentos mirabolantes ou complexos. Talvez possa ser apenas o aperfeiçoamento de algo que já existe e que pode ser remodelado para incluir mais utilidades, como no caso da bengala.

Correio do Povo

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A inclusão social é um desafio enorme numa nação em que 18% da sua população apresenta algum tipo de deficiência, chegando-se a um montante em torno de 18,5 milhões de pessoas. Nessa fatia, cerca de 6,5 milhões de brasileiros apresentam deficiências visuais, com um contingente de quase 600 mil de cegos. Dessa forma, somente com problemas de visão, temos no país um total equivalente a duas vezes os habitantes do vizinho Uruguai, um indicador bastante significativo.

Diante desses números, vê-se que urgem a elaboração e a implementação de políticas públicas tendentes a garantir um cotidiano de mais mobilidade para esses cidadãos e cidadãs. Nesse aspecto, algumas iniciativas já são conhecidas, como aplicativos de leitura, mas, diante da atual realidade de um efetivo incremento tecnológico, causa espécie que, num tempo em que até o carro sem motorista já está se tornando um item do nosso tempo, ainda não se tenham implantado melhorias para o dia a dia desses PCDs com limitações de visão. Muitas vezes, talvez nem precisem ser equipamentos mirabolantes ou complexos. Talvez possa ser apenas o aperfeiçoamento de algo que já existe e que pode ser remodelado para incluir mais utilidades, como no caso da bengala.

A novidade é que a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e o governo do Paraná lançaram nesta quarta-feira um edital do concurso “Desafio de Inovação: Bengalas Inteligentes”. Pretendem os organizadores que as empresas participantes descubram novas funções para esse utilitário, de forma que ele possa ser útil no deslocamento dos seus usuários pelas áreas urbanas, principalmente para detectar obstáculos situados acima da linha da cintura. Trata-se de explorar novas possibilidades, agregando conhecimento aplicado às demandas desse segmento, respeitando sua cidadania e promovendo um suporte que lhes garanta mais oportunidades numa sociedade em que a exclusão socioeconômica ainda está longe de ser devidamente enfrentada.


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