Editorial

O legado imprescindível da imigração italiana 150 anos depois

Coube aos italianos subir a serra e assentar-se mais além das povoações já ocupadas pelos alemães.

No ano em curso, duas efemérides se referem a números redondos. Além dos 130 anos da fundação do Correio do Povo, também se registram os 150 anos da imigração italiana no Rio Grande do Sul. São dois eventos marcantes na história do Estado e que merecem ser devidamente reconhecidos e cultuados. No tocante ao legado dos desbravadores vindos da Itália, há que se fazer os devidos créditos a essa leva que veio para ajudar a construir a pujança da economia gaúcha.

A chegada dos italianos nestas plagas começou em 1875. Coube-lhes subir a serra e assentar-se em áreas mais além das povoações já ocupadas pelos alemães, que chegaram a partir de 1824. Foi assim que começaram a fundar cidades como Bento Gonçalves, Caxias do Sul e Garibaldi, dedicando-se à produção de uva, milho, trigo e hortaliças. Dedicaram-se ao fabrico de vinho, fundaram vinícolas e cooperativas e foram decisivos para a estruturação de uma agricultura familiar, com muita diversidade. Em pequenas áreas de terras, conseguiram otimizar o rendimento de seus lotes, ajudando a diversificar o mercado interno, além de preparar o terreno para as exportações, como no caso de manufaturas e da área metalmecânica. Também foram decisivos no comércio, nos serviços e, como referido, na indústria e na agricultura. Tudo isso sem esquecer a culinária, com a polenta, o galeto, radicci com bacon, tortéi e massas caseiras, todos ícones da gastronomia gaúcha com influência itálica. Também foram fundamentais para desenvolver a cultura e a educação, fundando escolas e universidades, além de aportarem com temas e escritores que se tornaram referências na literatura rio-grandense, a exemplo de José Clemente Pozenato, Oscar Bertoldo e tantos outros, bem como professores, intelectuais, cientistas e pesquisadores.

A cada Festa da Uva, a cada Fenavinho, a cada safra, a cada bom desempenho do nosso PIB, a contribuição italiana está presente e se reafirma. O liame intrínseco entre Brasil e Itália é estreme de qualquer abalo e assim prosseguirá no futuro, com desenvolvimento e manutenção destas raízes que unem os dois povos.