Os conflitos são inerentes ao convívio em sociedade e tentar formas de conter sua eclosão deve ser uma prioridade do poder público, da sociedade civil e da iniciativa privada. Isso se deve a uma realidade que pode muito bem ser explicada pela máxima que diz que os bens são finitos e as vontades infinitas, ou seja, a procura pela satisfação do bem-estar pessoal de cada um é sempre maior do que a oferta de bens e de serviços que possam equacionar tais demandas. Com isso, ou o indivíduo se resigna com tal situação ou ele acaba por buscar outros meios para satisfazer seus interesses.
Nessa busca por obter o que lhe parece deve pertencer à sua esfera patrimonial ou de direitos, o cidadão torna-se um litigante perante o Poder Judiciário. O resultado disso é um número impressionante de ações tramitando nos juízos brasileiros. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2024, tínhamos mais de 80 milhões delas para serem julgadas pelas instâncias judiciais. Trata-se de um montante que impressiona e que não se resume a números, mas implica custos que são inseridos no orçamento dos entes federados e pagos pelos tributos dos contribuintes. Toda a estrutura necessária envolve magistrados, servidores, fóruns, infraestrutura, logística, procedimentos digitais, armazenamentos tanto físicos quanto virtuais, entre outros itens. Em face dessa imensa contingência, não raro resulta que os litigantes acabem esperando por um longo tempo por uma decisão, o que pode ser um impeditivo para destravar sua vida no cotidiano.
Diante desse cenário, as autoridades vêm buscando meios de acelerar sentenças e acórdãos, bem como de propiciar ferramentas extrajudiciais e administrativas para que as partes possam chegar a um acordo de forma mais célere e mais voluntária. O ideal é que haja uma predisposição a realizar tratativas com probidade e boa-fé, como no caso das relações contratuais. A empatia e a honestidade na hora da contratação podem, por certo, evitar desinteligências futuras que venham a desaguar em varas judiciais à espera de uma solução que já poderia ter sido construída pelos polos envolvidos.