Editorial

Um pacto pelo fim do analfabetismo no Brasil e no mundo

Infelizmente, o montante de analfabetos no país e no mundo se contam na escala dos milhões.

Em seu discurso ao receber o Prêmio Nobel, em 2010, o conhecido escritor peruano Mario Vargas Llosa declarou que a coisa mais importante que lhe aconteceu na vida ocorreu aos seus cinco anos, quando aprendeu a ler. Segundo ele, a leitura lhe abriu as portas de mundos fantásticos, de aprendizados mágicos, despertando sua vocação para se dedicar à literatura. Isso bem evidencia a relevância que pode ter na vida de uma pessoa o ato de saber ler e escrever.

Infelizmente, o montante de analfabetos no país e no mundo se conta na escala dos milhões. De acordo com um levantamento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), no país, atualmente, eles são 9,1 milhões, com 5,3% com 15 anos ou mais e 20,3% entre os idosos com mais de 65 anos. Já em nível mundial, o analfabetismo chega a cerca de 770 milhões, principalmente nos países mais pobres. As mulheres representam 2/3 desse contingente, o que agrava ainda mais sua condição de vulnerabilidade. Eis uma realidade que constitui um desafio para todos os países que têm assento na Organização das Nações Unidas (ONU), que devem impulsionar políticas públicas que busquem erradicar essa chaga que se revela como um obstáculo a ser contornado para que esses cidadãos e cidadãs possam desfrutar de uma vida mais digna e com maior oportunidades de ascensão social.

Nesse contexto, vem em boa hora a proposta do Brasil no fórum que reúne os ministros da Educação do G20 no sentido de realizar uma coalizão global pela alfabetização. A proposição foi encaminhada pelo ministro da Educação, Camilo Santana, no encontro ocorrido na África do Sul. O desafio agora é retirar a ideia do papel, com dotação orçamentária advinda de um fundo com recursos externos aportados pelas nações desenvolvidas. Eis uma forma de ajudar para um mundo menos conflitado, com cidadania e respeito pelos direitos humanos, propiciando um caminho para que as populações possam ter melhores condições socioeconômicas. Nesse processo, ler é fundamental para mudar vidas e o seu entorno.