Pesca de sardinha é tradição no Litoral Norte

Pesca de sardinha é tradição no Litoral Norte

A cena é comum na ponte entre Imbé-Tramandaí, localizada na ERS-786

André Malinoski

Pescadores tentam fisgar peixes na ponte entre Imbé-Tramandaí

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Uma cena comum no Litoral Norte é ver os pescadores tentando fisgar algum peixe na ponte entre Imbé-Tramandaí, localizada na ERS-786. A travessia de quase 150 metros, chamada Giuseppe Garibaldi, em homenagem a um dos líderes da Revolução Farroupilha (1835-1845), sobre o rio Tramandaí, é composta por três vias – duas no sentido Imbé-Tramandaí de pista única e outra de faixa dupla na direção oposta.

É sobre essa estrutura de concreto que varas, baldes e outros apetrechos dão cores ao cenário. A pesca de sardinhas não necessita de iscas, bastando o caniço com o anzol para pescá-las. “Pescamos por esporte e passatempo”, conta o comerciante Anselmo Parobé, de 46 anos, ao lado dos amigos que sempre o acompanham no local. “Já chegamos a levar umas 100 sardinhas para casa e gostamos de prepará-las fritas”, diz Cássio Silva Alves, 37. Algumas estavam sendo limpas em um recipiente perto dos amigos.

Nem todos estão na ponte por simples diversão. Vanderlei Silva, 53, estava em um canto tentando a sorte. Pescador de profissão, chega às 5h pega as sardinhas, limpa os peixes e vende o que pesca. “Vendo o pacote de 1 quilo por R$ 15 reais. E quando as vendas estão boas, vendo 25 quilos por dia em média”, relata.

Há outros peixes no rio Tramandaí como bagre, corvina, peixe-rei, mas alguns não podem ser retirados da água por estarem em época de desova. De qualquer forma, os frequentadores preferem as conhecidas e apreciadas sardinhas. Engana-se ainda quem pensa ser essa uma atividade exclusivamente masculina.

A administradora de recursos humanos Micheli Zuboski, 34, pescava ao lado do pai Zair Zuboski, 63. “Chegamos não fazem 30 minutos. Pegamos cinco peixinhos”, dizia a filha, com um sorriso alegre. “Estamos de férias e fazemos fritada de sardinha”, salienta. O pai, que é aposentado, compartilha o gosto pelo peixe e explica o porquê de estar dando tão pouco naquele momento. “Não está na hora do café das sardinhas ainda”, brinca.

Também tem gente de todos os lugares e idades em busca das sardinhas. Como é o caso do aposentado Nelson Müller, 82, de Três Coroas, mas morador de Tramandaí. “Por morar aqui venho seguido. Pesco de dois a três quilos em um dia bom e preparo para comer”, resume. Perto dele, a aposentada Vilma Flores, 61, acompanhava a sobrinha Emilly Ost, 14. “Somos de São Leopoldo e viemos visitar meu irmão. Chegamos às 8h30min, e depois de pescá-las fazemos escabeche de sardinha”, esclarece a tia, enquanto a estudante avisava: “Pegamos outra”.

A sardinha é rica em ômega-3, proteínas, cálcio, fósforo, selênio, vitamina B12, vitamina D, entre outras. Trata-se de um alimento bastante indicado para a manutenção da saúde. Dessa maneira, os olhos na água podem significar mais do que uma simples refeição.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895