Veranistas reclamam da demora no atendimento nas UPAs do Litoral Norte

Veranistas reclamam da demora no atendimento nas UPAs do Litoral Norte

Esperas passam de três horas na maioria dos postos

André Malinoski

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A Covid-19, juntamente com a variante ômicron (já com transmissão comunitária no Rio Grande do Sul) e a Influenza H3N2, promovem estragos nas praias do Litoral Norte. As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) registram grande número de pessoas em busca dos testes de detecção de Covid, em função de algum sintoma de síndrome respiratória viral. Na maioria dos postos, o público reclama da demora para ser atendido, e as esperas passam de três horas conforme alguns relatos.

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Tramandaí, localizada na avenida Flores da Cunha, nº 4.400, esquina com a avenida Alberto Pasqualini, no bairro São Francisco II, recebia cerca de 30 pessoas na manhã deste sábado. Duas unidades móveis da Secretaria Municipal da Saúde foram posicionadas em frente da UPA, onde profissionais atendem 24 horas. Uma das unidades realiza os testes e a outra atende os pacientes. Havia reclamações pela demora no processo de atendimento e pela falta de informações sobre como as pessoas deveriam proceder. “Estamos com movimento muito grande”, reconhece a técnica em enfermagem Janaina Salgado.

A aposentada Ana Oliveira, de 76 anos, aguardava para ser atendida com suspeita de Covid. “Estou com todos os sintomas: dor de garganta, muita febre, diarreia, tosse e dor de cabeça”, relata. Ela lembra que tomou as três doses da vacina. A professora Adriana Oliveira, 56, que acompanhava a mãe no atendimento, disse que não há mais testes rápidos para Covid nas farmácias do Litoral Norte.

A auxiliar de serviços gerais Michele Costa da Rosa, 35, levava o filho Kevin Richard da Rosa Calage, 17, para fazer o teste. “Ele está com dor de cabeça e sintomas gripais”, explica.

“Fizemos da sexta-feira até as 7h deste sábado, 112 testes rápidos. Um total de 27 pessoas positivaram para Covid”, relata Luciane Borges, padronizadora da enfermagem na UPA. Segundo cita a profissional, quase 6 mil testes chegaram recentemente para a Secretaria da Saúde de Tramandaí poder testar as pessoas. “Assim que alguém testa positivo encaminhamos para tratamento médico e isolamento”, explica, destacando que a preocupação acontece no caso dos chamados falsos negativos. Pois muitos voltam para casa achando que está tudo bem e podem transmitir o vírus adiante por serem assintomáticos.

Capão da Canoa

A situação é muito similar em Capão da Canoa. O atendimento a pessoas com sintomas saiu da UPA para o prédio do antigo pronto atendimento, situado na avenida Valdomiro Cândido dos Reis, 662, com serviço 24 horas. As pessoas que estavam lá nesta manhã demonstravam indignação com a demora no atendimento, algumas inclusive desistiram de esperar e voltaram para casa. Eram também em cerca de 30 pessoas, entre o público em pé e outros sentados em um espaço improvisado ao ar livre.

“Tenho tosse, dor de garganta e no corpo. Estou assim desde quinta-feira. Fiz um teste e deu negativo, mas minha irmã fez e deu positivo. Hoje voltei para ser atendida”, compartilha a frentista Joseana Miranda da Rocha, 42. “Se sabiam que haveria um monte de gente no Réveillon deveriam ter se preparado. Na sexta-feira, tinha só um médico aqui atendendo”, acrescenta.

A dona de casa Maria Cassiane Oliveira, 37, aguardava com o marido positivado para ser atendida desde as 8h. Trabalhador da construção civil, Leonir Azevedo, 47, descobriu a contaminação depois de conseguir fazer o teste rápido em uma farmácia. “Estamos há mais de três horas aguardando”, dizia a esposa.

Outros optaram por irem embora. Era o caso da gestora ambiental Adriana Oliveira, 48. “Eu vim de Capão Novo, onde fiquei três horas esperando na sexta-feira. Meu exame deu positivo e me disseram para eu ir pegar uma receita em Capão da Canoa. Não vou ficar aqui porque é muito demorado. A pessoa passa pela triagem e volta para a rua, depois volta para lá e para cá”, conta em detalhes o calvário.

O secretário da Saúde de Capão da Canoa, Josiel Gonçalves de Matos, salientou que a disparada no número de casos era esperada, porém não como está acontecendo. “Esperávamos um aumento progressivo, não dessa forma como está sendo”, afirmou. Segundo avalia, a Covid “pegou o Litoral Norte em cheio agora.” O secretário disse que, entre segunda-feira e este sábado, os atendimentos diários estão em torno de 300 por dia. “Só na sexta-feira, 125 pessoas positivaram”, revelou.

“Questionado sobre a demora para as pessoas serem atendidas, o titular da pasta citou outro agravante do cenário: “Os profissionais da saúde também estão positivando. Então há o aumento no número de quem precisa de atendimento, e a diminuição daqueles que atendem”.

A situação está ruim, mas parece menos perigosa de que aconteceu em 2021. “No auge da onda de Covid no ano passado, nós chegamos a ter cinco mortes em apenas um dia em Capão da Canoa”, conclui o secretário.

Aviso de risco

O Gabinete de Crise do governo estadual emitiu no dia 4 de janeiro, aviso de risco para as 21 regiões covid depois de os casos da doença voltarem a subir no Estado. Na sequência, conforme boletim epidemiológico do Centro de Operações de Emergência (COE), entre o período de 30 de dezembro e 5 de janeiro, foram registrados 1.108 novos casos, o que representa um crescimento de 508% em relação ao período entre 22 e 29 de dezembro. Os dados foram coletados em cada uma das 21 cidades da 18ª Coordenaria Regional de Saúde (CRS).

Ômicron

A Secretaria Estadual de Saúde (SES), por meio do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), declarou a transmissão comunitária da variante ômicron do novo coronavírus nessa sexta-feira. O Rio Grande do Sul já identificou 255 casos confirmados ou sugestivos para essa linhagem em 34 municípios gaúchos ou em visitantes ao RS testados. Os números tendem a crescer diariamente.

O Laboratório Central do Estado (Lacen/RS) realiza a testagem para a identificação das linhagens do novo coronavírus (SARS-CoV-2), e percebeu o crescimento da presença da variante ômicron para as demais. Porto Alegre, com 20 casos, liderava a relação. Em seguida apareciam Santa Maria (18 casos) e Canoas (15), entre os municípios com mais pessoas contaminadas.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895