Escolas da Série Ouro empolgam segunda noite do Carnaval de Porto Alegre

Escolas da Série Ouro empolgam segunda noite do Carnaval de Porto Alegre

Império da Zona Norte, Imperadores e Estado Maior da Restinga despontaram como favoritas ao título

Correio do Povo

Estado Maior da Restinga encerrou desfiles no Porto Seco

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*Com informações de Eduardo Amaral

Nove agremiações passaram pelo Complexo Cultural do Porto Seco na segunda noite de desfiles do Carnaval de Porto Alegre. A folia novamente teve início com uma convidada, que foi a Tribo Os Comanches com seu enredo “Um tema para Lino e Jacira”. Desta vez com menos atrasos, a noite seguiu conforme a ordem definida: primeiro desfilaram cinco escolas da Série Prata e depois três agremiações da Série Ouro fecharam as apresentações.

Se na primeira noite nenhuma escola encheu os olhos, o cenário do segundo dia foi bem diferente. Três agremiações estiveram no Complexo Porto Seco entre a noite de sábado e madrugada de domingo e mostraram um grande envolvimento da comunidade com os samba-enredos. Por isso, a grande aposta é que a campeã saia da segunda noite de desfiles. A apuração ocorre a partir das 14h.

Confira como foram os desfiles:

Copacabana

A Copacabana entrou na avenida pouco depois das 22h para abrir a segunda noite de desfiles competitivos do Carnaval de Porto Alegre. A escola levou para o Porto Seco o tema-enredo “Sou nagô, na Bahia cheguei, da culinária brasileira participei”, com a proposta de contar a influência negra na culinária brasileira.

O símbolo da escola, a sereia, veio logo no carro abre-alas, que também representou um navio negreiro. Depois da ala das baianas, surgiu outra alegoria, dessa vez com uma baiana nas cores da agremiação - azul, branco e rosa. Numa ala mirim, crianças apareceram vestidas de cozinheiras.

O samba-enredo da Copacabana tinha um refrão forte, mas não empolgou o público, assim como a bateria. Não bastasse isso, a escola ainda teve problemas de evolução e apresentou fantasias pouco inspiradas. No final do desfile, alguns integrantes se envolveram em uma confusão com um fiscal do evento, mas a situação foi resolvida e não houve prejuízos para a agremiação.

Unidos da Vila Mapa

A segunda escola da Série Prata a desfilar foi a Unidos de Vila Mapa, que trouxe o tema-enredo “A Vila Mapa comemora bebendo estrelas, pois é tempo de borbulhas”. A agremiação da Lomba do Pinheiro mostrou garra e os integrantes cantaram o samba-enredo que contava a história da uva, com destaque para o champanhe.

Mas a vontade e o ânimo não foram suficientes e para superar as dificuldades de evolução da escola, que teve diversos buracos ao longo do percurso. Além disso, não foram raras as vezes em que uma ala invadiu o espaço da outra. No quesito fantasia, a agremiação conseguiu ser bonita na simplicidade, apostando em muitas cores. E também ousou ao colocar três carros alegóricos na avenida. Entretanto, mesmo com os pontos positivos, a Vila Mapa deve ficar fora da briga pelo título.

Unidos de Vila Isabel

Na sequência, a Unidos de Vila Isabel entrou no Porto Seco para falar das estrelas. Mesmo com o tema lúdico, e difícil de trabalhar, a escola de Viamão iniciou muito bem. Cantando mistério, encanto e magia, a agremiação citou o Zodíaco, fábulas, folclore popular e a fé do brasileiro. Mas a águia da paz, símbolo da escola, também garantiu espaço em um dos carros alegóricos.

Com fantasias bem construídas e uma bateria competente, a agremiação tinha tudo para terminar a noite como forte candidata ao título da série Prata. O problema foi o tempo, já que, segundo dados oficiais, a escola estourou em dois minutos o período estipulado para cruzar a avenida, e com isso deve perder dois décimos na apuração final.

União da Tinga

Um grito contra o racismo, assim pode ser chamado o desfile da União da Tinga, quarta escola a desfilar pela série Prata. A escola entrou na avenida pouco depois da 1h30min deste domingo com o tema-enredo “Negritude Raiz – eu sou negro e bato no peito”. O primeiro destaque foi a comissão de frente, que trazia uma coreografia forte representando a luta dos negros pela liberdade. O samba-enredo tinha um refrão marcante que foi, aos poucos cativando o público. “Eu sou negro e bato no peito, minha alma nunca morrerá”, bradou a agremiação.

O calcanhar de Aquiles da União da Tinga foram fantasias, já que não foram raras as plumas caídas pelo chão do Porto Seco, o que pode tirar pontos da escola em dois quesitos, fantasias e evolução. Além disso, um dos carros alegóricos da agremiação quebrou e não conseguiu entrar na pista. Os destaques desta alegoria foram realocados para o chão.

Império do Sol

Para fechar a Série B, a Império do Sol levou ao Porto Seco o tema-enredo “África! Um canto negro de louvação e fé! Salve Otanpê Ojarô, princesa africana, rainha do candomblé”. A escola de São Leopoldo se propôs a contar a influência na cultura brasileira, com foco na religiosidade.

Conforme o presidente da agremiação, Aldemiro Silva, o Miro, o tema foi escolhido para marcar a posição de resistência do Carnaval de Porto Alegre. Na avenida, o tambor marcou o desfile, sendo destaque até nas alegorias. Já nas paradinhas da bateria, seguia apenas um tambor de ritos religiosos marcando o ritmo.

A escola, contudo, foi prejudicada por um samba-enredo que não empolgou e pela bateria que não conseguiu animar o público. Não bastasse isso, cruzou a dispersão com seis minutos de atraso, o que deve colocá-la longe do título de 2019.

Império da Zona Norte

A Império da Zona Norte iniciou a Série Ouro, por volta das 4h deste domingo, com o tema-enredo “Império em devoção a São João”. O samba-enredo animado, aliado a uma bateria capaz de acompanhar a escola, colocou a agremiação como uma das favoritas ao título. Outro ponto positivo foi a evolução da escola, que não pecou em nenhum momento e cruzou a avenida com animação e harmonia.

Com um refrão fácil de pegar - “Festa junina é pra lá de bã, já fiz promessa pra te namorá, São Pedro, Santo Antônio e São João, sou moça menina, quero me casá” -, animação dos integrantes e uma bateria competente, não demorou para a Império da Zona Norte cativar o público. Dois aspectos podem tirar pontos da escola. O primeiro são as fantasias, que embora bem feitas, eram bem mais simples que das concorrentes mais diretas ao título.

Outro problema que pode prejudicar é os jurados entenderem que houve uma fuga do tema, isso porque a maioria das alas e alegorias fez alusão às festas juninas e à cultura nordestina, deixando um pouco de lado a vida de João Batista. Mas mesmo com esses pequenos problemas, a Império da Zona Norte fez um desfile bonito que empolgou o público presente.

 

Imperadores do Samba

Já passava das 5h quando a Imperadores do Samba começou seu desfile no Porto Seco. Sempre entre as favoritas, a vermelho e branco celebrou seus 60 anos de existência na avenida, apresentando um enredo que contava sua própria história. “Se não sabe quem eu sou, senta aí que eu vou contar: sou o mar de alegria que te faz arrepiar, vermelho da paixão, seu infinito amor, ô imperador!”, cantou a escola.

As alas lembraram os principais títulos da Imperadores do Samba ao longo de suas seis décadas, como “Zanzibar, ilha das especiarias”, de 2001, e “Sou Resistência e Não me Kalo: Frida Sou México em Flores, Cores e Amores: Diva entre Imperadores”, de 2017. As fantasias foram um diferencial da escola, que trouxe materiais ricos em detalhes e cores. Além disso, o samba-enredo animou o público, que cantou junto a história da atual campeã do Carnaval. Ao longo da avenida era possível ver torcedores de outras escolas cantando o junto com a Imperadores do Samba.

Com uma evolução precisa e alas compactas, aliada a um desfile empolgante, a Imperadores logo terminou o desfile como favorita ao título ao lado da Império da Zona Norte.

Estado Maior da Restinga

Já amanhecia em Porto Alegre quando a Estado Maior da Restinga entrou na avenida para fechar o segundo e último dia de desfiles. A última escola a desfilar no Carnaval 2019 apresentou o tema-enredo “Em Terras Tinguerreiras, Prevalece a Verdade, Quem Foi Rei Não Perde a Majestade”, abordando os reis e rainhas do povo brasileiro, fossem de verdade, subjetivos ou da ficção.

Na comissão de frente, a Restinga trouxe a representação de nomes como Carlinhos de Jesus, como rei da dança, Roberto Carlos, Chacrinha e Lampião. Pelé também estava lá, mas ganhou uma ala inteira em sua homenagem. A alegoria que acompanhava a comissão trouxe aquele que foi apresentado pela escola como o verdadeiro rei: o cisne, símbolo da tricolor da zona Sul.

As fantasias da Restinga foram o grande diferencial da escola, que mesmo competindo com o bom trabalho da Imperadores, conseguiu colocar na avenida algumas das fantasias mais bonitas da Série Ouro. A competência da bateria e da equipe de harmonia garantiram um desfile sem erros técnicos, e colocam a Restinga como candidata ao título. Porém, a escola deve sair um pouco mais atrás porque, ao contrário das antecessoras, faltou a empolgação do público e o refrão que pegasse.


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