Danos da enchente são avaliados nas instituições culturais de Porto Alegre
Secretaria do Estado da Cultura visita espaços do Centro Histórico e calcula prejuízos; Atelier Livre Xico Stockinger planeja recuperação do subsolo alagado
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Leticia Pasuch e Maria Laura Suñe*
No último final de semana, nos dias 18 e 19 de maio, a Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) fez a primeira visita no Museu de Arte do RS (Margs), Memorial do RS, Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), Museu do Carvão e MuseCom, instituições que foram impactadas pela enchente. Na CCMQ, a equipe confirmou que os principais danos sofridos pelas salas da Cinemateca Paulo Amorim ocorreram em poltronas e carpetes, além de aparelhos de ar-condicionado, que ficaram imersos em pelo menos meio metro de água.
Nas salas de cinema Paulo Amorim, Eduardo Hirtz e Norberto Lubisco, há muita lama, umidade e água, não sendo possível ainda avaliar as perdas do espaço. Os sistemas de projeção e sonorização não foram afetados, pois ficam no segundo andar do prédio. Segundo a diretora da Casa, Germana Konrath, a dimensão exata dos danos só poderá ser mensurada com vistorias completas, que ocorrerão nos próximos dias. “Como diretora da CCMQ, acrescento minha aflição pessoal a uma aflição institucional, por responder por esse lugar tão querido, histórico e que, pela primeira vez, enfrenta uma situação tão drástica”, afirma.
O Museu da Comunicação Hipólito José da Costa teve o porão inundado, mas sem perda de patrimônio. No local, havia apenas móveis que estavam separados para descarte. Entre as instituições de outros municípios, a mais gravemente atingida foi o Museu Estadual do Carvão, onde todo o acervo de documentos molhados foi levado para o congelador de um frigorífico em São Jerônimo.
A Sedac está realizando ações do governo do Estado dirigidas à população afetada pela enchente. Entre as iniciativas da pasta já em andamento está a flexibilização de prazos e normas para projetos culturais para auxiliar os envolvidos e garantir a continuidade dos repasses previstos. Nos nove editais da Lei Paulo Gustavo (LPG), que disponibilizam R$ 90 milhões, a secretaria está buscando antecipar o repasse dos recursos aos projetos imediatamente. Em relação ao edital da Lei de Incentivo à Cultura (LIC) em andamento, a pasta aguarda o restabelecimento do sistema eletrônico para concluir a etapa de avaliação e cumprir o cronograma, que prevê a divulgação do resultado em junho.
Escola de arte da Prefeitura teve subsolo alagado
O Atelier Livre Xico Stockinger, localizado no Centro Municipal de Cultura, Arte e Lazer Lupicínio Rodrigues, foi um dos espaços culturais invadidos pela enchente no bairro Menino Deus, após o desligamento da Estação de Bombeamento de Água Pluvial 16, no dia 6 de maio. A água, que chegou a quase 1 metro de altura, entrou no início daquela noite na escola de artes visuais e alagou o subsolo, atingindo as salas de escultura, cerâmica, xilogravura, litografia e biblioteca. Também as salas da secretaria e direção, que abrigavam computadores e arquivos. "Não havia como nos prepararmos anteriormente para o que ocorreu, visto que ninguém sequer imaginava que tal evento fosse acontecer", diz Thais Amaral, diretora do Atelier.
Diversas atividades previstas para o espaço foram canceladas, como 20 cursos regulares que estavam em andamento e mais 12 cursos extras que iniciariam no dia 13 de maio. Cerca de 400 alunos foram atingidos com a suspensão dos cursos.
De acordo com a diretora, após as águas baixarem será necessário um trabalho de rescaldo, limpeza e descontaminação das salas. Serão avaliadas as condições de aproveitamento dos equipamentos e mobiliário. Haverá, também, ajuste dos cronogramas e calendários dos cursos e demais atividades. "Estamos trabalhando para estimar os prejuízos e desenvolvendo estratégias para retomarmos as atividades o mais breve possível", garante Thais.
*Supervisão de Luiz Gonzaga Lopes