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“Estou indo para onde o filme me levar”, diz Kleber

O cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho esteve em Porto Alegre a convite do Frapa para sessões de “O Agente Secreto”

O diretor e roteirista Kleber Mendonça Filho na Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim em Porto Alegre
O diretor e roteirista Kleber Mendonça Filho na Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim em Porto Alegre Foto : Pedro Piegas

A presença do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho para duas sessões de pré-estreia em Porto Alegre gerou filas de cinéfilos nas duas salas que exibiram o longa-metragem na segunda-feira: Cinemateca Capitólio e Sala Paulo Amorim da Casa de Cultura Mario Quintana. As atividades marcaram a abertura do 13° Festival de Roteiro Audiovisual de Porto Alegre (Frapa).

Na Cinemateca Capitólio, Kleber, que estava acompanhado da sua mulher e produtora Emilie Lesclaux e da atriz Alice Carvalho (Cangaço Novo), abriu a sessão. Muitos que estavam na fila na rua não puderam entrar porque a sala lotou, mas o diretor deu autógrafos e tirou selfies com vários fãs. Depois a equipe do filme foi para a Casa de Cultura Mario Quintana, onde comentaram o filme após a projeção para uma sala também lotada, cuja fila começou no início da tarde. “O Agente Secreto” estreia nos cinemas do Brasil nesta quinta-feira, 6 de novembro.

O diretor conversou com a imprensa entre uma sessão e outra e falou sobre seu processo de criação do roteiro, ambientado no Recife de 1977, que ele também assina. Sobre “O Agente Secreto” ele conta: “Foi um processo bem longo, um pouco menos de dois anos, comecei ainda no final da pandemia. Eu estava vindo de ‘Retratos Fantasmas’ (seu filme anterior), que me apresentou sete anos de material de arquivo sobre o Recife e me fez me reconectar com a cidade. E aí fui ficando cheio de energia para fazer um filme de ficção, que é ‘O Agente Secreto’”. O roteiro foi escrito durante um período em que Kleber e sua mulher, Emilie, que é francesa, moraram 1 ano na França. O diretor estava muito conectado à Biblioteca Nacional de lá, que tem arquivos dos jornais pernambucanos escaneados na hemeroteca. “Foi bonito porque eu estava lá mas muito conectado com jornais do Recife de 50 a 60 anos atrás”, contou.

Sobre seu processo de escrever o roteiro, ele explica que as ideias vão se desenvolvendo aos poucos. Ele escreve, lê, relê, faz modificações até finalizar. “Você precisa dar tempo ao roteiro”, revelou.

Um exemplo foi a personagem Fátima, vivida pela atriz Alice Carvalho. O cineasta revela que sempre imaginou o protagonista, Marcelo, vivido por Wagner Moura, sendo viúvo, mas a princípio ele apenas falava de Fátima, sua companheira falecida. Aos poucos, Kleber percebeu que Fátima precisava de um rosto e a partir daí trouxe a atriz Alice Carvalho para atuar na produção.

Questionado sobre os motivos para o filme estar fazendo sucesso, como ser premiado no Festival de Cannes e em vários outros eventos, Kleber elogia o ator: “Wagner é um astro muito carismático e acho que o elenco inteiro é muito carismático”. E confessa: “Eu escrevi o roteiro para o Wagner. Mas também tive em mente Tânia Maria como Dona Sebastiana”, contou, porque já tinha trabalhado com Tânia Maria em “Bacurau”.

Sobre “O Agente Secreto” ser o representante do Brasil no Oscar 2026, Kleber diz: “A gente sabe que o Oscar é uma festa dos Estados Unidos, estamos sendo muito bem recebidos lá, espero que o filme vá longe”. Mas ressalta que não poderia formular nada sobre o futuro. “Eu estou indo para onde o filme me levar e vou alegre, feliz”.

A força da atuação de Alice Carvalho

Atriz Alice Carvalho na pré estreia de O Agente Secreto na Cinemateca Paulo Amorim | Foto: Pedro Piegas

Alice Carvalho é um rosto cada vez mais conhecido nas telas brasileiras. A atriz atuou no filme “Ângela”, em que interpretava a empregada doméstica de Ângela Diniz (2023). Nascida em Natal (RN), sua fama aumentou com o papel de Dinorah na série “Cangaço Novo”.

A artista esteve em Porto Alegre para acompanhar as sessões de pré-estreia do filme “O Agente Secreto”. Ela interpreta Fátima, a mulher falecida do protagonista (Wagner Moura). Por isso, as cenas em que aparece são flashbacks. Uma destas sequências apresenta dois personagens sulistas com atitudes xenófobas em relação a nordestinos. É um dos momentos de tensão da narrativa.

Alice comenta sua experiência: “Tenho trabalhos feitos em grandes emissoras e feitos para streamings, mas é impossível afirmar que eu não tenha passado por nenhum tipo de preconceito velado, aquela xenofobia misturada com racismo que acontece de uma maneira muito sutil”, revelou. “Quando olhei, na prova de figurino do ‘Agente Secreto’ para a roupa que eu estava vestindo, eu me dei conta que tinha sido a segunda vez que eu tinha vestido uma roupa que não era puída, rasgada. Ou que viesse com o intuito de ter um marcador social. Foi a segunda vez. A primeira vez foi também em uma produção de Emilie, uma série que não saiu ainda”, diz a atriz sobre o trabalho com a equipe.

Confira um trecho da entrevista:

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